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quinta-feira, 9 de junho de 2016

SANTO ANTÃO, Abade, Pai do Monaquismo no Oriente, modelo de vencedor contra os demônios e suas tentações.



Pai do monaquismo cristão, Santo Antão nasceu no Egito em 251 e faleceu em 356; viveu mais de cem anos, mas a qualidade é maior do que a quantidade de tempo de sua vida, pois viveu com uma qualidade de vida santa que só Cristo podia lhe dar. Com apenas 20 anos, Santo Antão havia perdido os pais; ficou órfão com muitos bens materiais, mas o maior bem que os pais lhe deixaram foi uma educação cristã. Ao entrar numa igreja, ele ouviu a proclamação da Palavra e se colocou no lugar daquele jovem rico, o qual Cristo chamava para deixar tudo e segui-Lo na radicalidade. Antão vendeu parte de seus bens, garantiu a formação de sua irmã, a qual entrou para uma vida religiosa.

Enfim, Santo Antão foi passo-a-passo buscando a vontade do Senhor. Antão deparou-se com outra palavra de Deus em sua vida “Não vou preocupeis, pois, com o dia de amanhã. O dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado”(Mt 6,34). O Espírito Santo o iluminou e ele abandonou todas as coisas para viver como eremita. Sabendo que na região existiam homens dedicados à leitura, meditação e oração, ele foi aprender. Aprendeu a ler e, principalmente a orar e contemplar. Assim, foi crescendo na santidade e na fama também.

Sentiu-se chamado a viver num local muito abandonado, num cemitério, onde as pessoas diziam que almas andavam por lá. Por isso, era inabitável. Ele não vivia de crendices; nenhum santo viveu. Então, foi viver neste local. Na verdade, eram serpentes que estavam por lá e , por isso, ninguém se aproximava. A imaginação humana vê coisas onde não há. Santo Antão construiu muros naquele lugar e viveu ali dentro, na penitência e na meditação. As pessoas eram canais da providência, pois elas lhe mandavam comida, o pão por cima dos muros; e ele as aconselhava. Até que, com tanta gente querendo viver como Santo Antão, naquele lugar surgiram os monges. Ele foi construindo lugares e aqueles que queriam viver a santidade, seguindo seus passos, foram viver perto dele. O número de monges foi crescendo, mas o interessante é que quando iam se aconselhar com ele, chegavam naquele lugar vários monges e perguntavam: “Onde está Antão?”. E lhes respondiam: “Ande por aí e veja a pessoa mais alegre, mais sorridente, mais espontânea; este é Antão”.

Ele foi crescendo em idade, em sabedoria, graça e sensibilidade com as situações que afetavam o Cristianismo. Teve grande influência junto a Santo Atanásio no combate ao arianismo. Ele percebeu o arianismo também entre os monges, que não acreditavam na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Antão também foi a Alexandria combater essa heresia. Santo Antão viveu na alegria, na misericórdia, na verdade. Tornou-se abade, pai, exemplo para toda a vida religiosa. Exemplo de castidade, de obediência e pobreza.



 Antão nasceu em Fayum, no Alto Egito perto de Heracleopolis Magna cerca de 251. Ele tinha 20 anos quando seu pais faleceram e ele herdou os bens da família. Era muito rico.

Foi nesta época que, entrando na igreja para rezar, chegou justo na hora que o padre proclamava o Evangelho que dizia:
 "Vai, vende tudo que tens, distribui o dinheiro aos pobres e terás um tesouro duradouro no céu; então, vem e segue-me!(Mc 10, 21).

Estas palavras, que ele entendeu serem dirigidas diretamente para si,  atingem o jovem, que vende sua herança, coloca sua irmã em um convento de virgens consagradas e inicia uma vida de eremita. Vivia em uma antiga tumba perto de sua vila.

 Após 15 anos de orações, durante um tempo que sofreu vários assaltos dos demônios e as mais terríveis tentações (os demônios apareciam-lhe em formas medonhas e espantosas), Antônio foi para uma montanha em Pispir (agora Deir el-Memum) e ficou lá em uma vida solitária por mais 20 anos.

Pessoas que o apoiavam, atiravam comida por sobre a parede do abrigo onde estava, mantendo-o vivo, mas nunca viam sua face.

Pouco a pouco, inspirados pela fama de santidade do Santo, outros construíram uma comunidade em cavernas ou cabanas por perto do local onde o mesmo vivia.

Pediam a Antão que saísse de sua reclusão para dirigir a suas preces e dar o seus conselhos e lições. Era o ano 305 d.C.. Antão, apesar da vida austera e de muita penitência, mantinha grande vigor e saúde. Ficou com os eremitas por cerca de cinco anos, regulamentando o trabalho comunitário, as orações e as penitencias.

Então, foi para um deserto entre o Nilo e o Mar Vermelho, em um local chamada Monte Kalzim. Um monastério, chamado Diem Mar Antonios, foi erigido neste local.

Este período de reclusão não era tão restrito quanto os anteriores, pois Antão foi para Alexandria em 311 confortar os mártires das perseguições que estava acontecendo na época e ele voltou anos mais tarde para argumentar vigorosamente contra a heresia ariana lado a lado de Santo Atanásio de Alexandria.

Antão não estava sozinho no deserto. Ele tinha companhia de alguns discípulos (os primeiros cenobitas).

Antão ficou conhecido como um homem bom generoso, corajoso, com bom senso, leal e sem nenhum excesso e ostentação.

Santo Atanásio tem o credito de ter feito a biografia de Antão que conta os detalhes de suas provações, sofrimentos e milagres.

Visita de Santo Antão a São Paulo de Tebas.

Santo Antão era amigo de São Paulo de Tebas, chamado de o "eremita" que recebia meio pão por dia de corvos, para manter sua subsistência.

Diz a tradição que no dia que Santo Antão foi visitá-lo, os corvos trouxeram um pão inteiro: como dá para concluir, a metade seria para São Paulo e a outra para Santo Antão. 

 O Imperador Constantino, o grande (323-337) era um dos milhares que procuravam Antão para ensinamentos e inspiração.

Antão escreveu varias cartas e sermões para jovens eremitas e cenobitas. 

 A vida de Antão, descrita por Santo Atanásio, trás também muitos dos sermões e discursos de Antão.

 Uma regra monástica datada daquela era é creditada como tendo os seus ideais, suas idéias e suas orientações.

Antão morreu em 17 de janeiro de 365, aos 105 anos, e foi enterrado em um cova não marcada conforme seu pedido, mas, em 561, suas relíquias foram descobertas e foi trasladado para Alexandria, Constantinopla.

La Motte, a casa matriz da Ordem dos Hospitaleiros de Santo Antão, fundada em 1100 , afirma que tem as suas relíquias.

Porém, acreditam os estudiosos do assunto, que as relíquias de Santo Antão foram salvas dos Sarracenos em Constantinopla (agora Istambul, Turquia) em 635 DC.

Relíquias deste santo também são tidas como estando em Siena, na Itália e Burngundy, na França.

Ele é o padroeiro de várias ordens e dos Cavaleiros de Santo Antão e também dos pobres, dos doentes, dos açougueiros e dos animais domésticos.

 Ele é invocado contra incêndios e pragas.

Na arte litúrgica da Igreja ele é representado como um monge da Ordem de Santo Antão.

O porco e o sino são associados a ele como resultado da Ordem dos Hospitaleiros de Santo Antão.

 Parece que os porcos naquela época ganharam o privilegio de andarem nas ruas da cidade.

Membros da Ordem tocavam o sino para pedir esmolas aos benfeitores.

Santo Antão é também mostrado com uma capa em T e um sino, o símbolo do eremita.

Ensinamentos de Santo Antão, o Grande:

‡ A maior obra dos homens é esta: ser capaz de manter seus pecados diante de Deus e estar preparado para a tentação até o último suspiro.

‡ "Quem não tiver sido tentado não poderá entrar no reino do céu. Se suprimires a tentação, ninguém se salvará."

‡ Aquele que senta-se em solicitude e quietude escapou de três batalhas: ouvindo, falando e vendo. Mas mesmo assim ele tem uma constante guerra: no seu próprio coração.

‡ O demônio teme a humildade, o bom trabalho e o jejum. Ele não consegue impedir a minha boca de falar contra ele. A ilusão do demônio logo desvanece especialmente, se o homem se arma com o Sinal da Cruz. O demônio treme ao Sinal da Cruz do Nosso Senhor, porque Ele triunfou sobre ele e o desarmou.

‡ As tentações são manifestamente uma condição indispensável para se entrar no céu. É através das tentações que o homem obtém um faro do Deus verdadeiro. Sem tentação o homem estaria no perigo de apoderar-se de Deus e torna-lo inofensivo e inócuo. Pela tentação, porém, o homem experimenta existencialmente a sua distância de Deus, sente a diferença entre o homem e Deus. O homem permanece em luta constante, enquanto Deus repousa em si mesmo. Deus é amor absoluto, enquanto o homem é continuamente tentado pelo maligno.

‡ Caríssimos, não descuidemos de nossa salvação. Sabei que se alguém se entrega a Deus de todo o coração, Deus tem piedade dele e lhe concede o Espírito de conversão.

‡ Sabemos que desde as origens do mundo, os que encontraram na Lei da Aliança o caminho do seu Criador foram acompanhados por sua bondade, sua graça e seu Espírito. Mas os homens, incapazes de exercerem sua inteligência segundo o estado da criação original, inteiramente privados de razão, sujeitaram-se à criatura em vez de servir ao Criador.

‡ Eu vos suplico, irmãos, penetrai-vos bem da maravilhosa economia da salvação.

‡ Todo ser dotado de inteligência espiritual, aquele para quem veio o Senhor, deve tomar consciência de sua própria natureza, isto é, deve conhecer-se a si mesmo.

‡ Seja-vos dado tomar bem consciência da graça que Ele vos deu. Não é a primeira vez que Deus visita as suas criaturas. Ele as conduz desde as origens do mundo e, de geração em geração, mantém cada uma desperta pelos acontecimentos de sua graça. Não negligenciemos, pois, chamar a Deus dia e noite. Fazei violência à ternura de Deus. Do céu Ele vos enviará Aquele cujo ensinamento vos permitirá conhecer o que é bom para vós.

‡ Filhos, é certo que nossa enfermidade e nossa humilhação são dor para os santos e causa das lágrimas e gemidos que oferecem por nós diante do Criador do Universo.

‡ Compreendei bem o que vos digo e declaro: Se cada um de vós não chega a odiar o que é da ordem dos bens terrestres e a isso não renunciar de todo coração, assim como a todas as atividades que daí dependem, se não chega a elevar as mãos e o coração ao Céu para o Pai de todos nós, não é para si a salvação. Mas se fazeis o que acabo de dizer, Deus vos enviará um fogo invisível, que consumirá vossas impurezas e devolverá vosso espírito à sua pureza original. O Espírito Santo habitará em vós, Jesus permanecerá junto de nós e poderemos adorar a Deus como é devido.

‡ Que Deus abra os olhos de vosso coração para que percebais os múltiplos malefícios secretos, lançados todos os dias sobre nós no decorrer do tempo. Faço votos que Deus vos dê um coração clarividente e um espírito de discernimento a fim de vos apresentardes a Ele como uma vítima pura e sem mancha.

‡ Persuadi-vos bem que vosso ingresso e vosso progresso na obra de Deus não são obra humana, mas intervenção do poder divino que não cessa de vos assistir.

‡ Sede, pois, vigilantes, caros filhos, não permitais que vossos olhos durmam nem que vossas pálpebras dormitem, mas clamai dia e noite a vosso Criador para que vossos pensamentos se firmem no Cristo.

‡ No Senhor eu vos suplico, caros filhos, deixai-vos penetrar bem pelo que vos escrevo. Voltai vossa alma para vosso Criador. Perguntai a vós mesmos o que seria possível retribuir ao Senhor por todas estas graças. É tão grande a sua bondade que Ele quis que o próprio Sol se ponha a nosso serviço nesta habitação de trevas, assim como a Lua e as estrelas, para sustentar fisicamente um ser cuja fraqueza o condenaria a perecer. Não sofreram por nós os patriarcas? Não nos dispensaram os sacerdotes os seus ensinamentos? Não combatiam por nós os juízes e reis? Não foram mortos por nós os profetas? Não sofreram os Apóstolos perseguição por nós? E não morreu por todos nós o Filho bem amado? Agora é a nossa vez de nos dispormos a ir ao nosso Criador pelo caminho da pureza.

‡ Meus caríssimos no Senhor, a vós que sois coerdeiros dos santos, rogo que desperteis em vosso coração o temor de Deus. Preparemo-nos, pois, santamente, e purifiquemos nosso espírito para sermos puros a receber o batismo de Jesus e a nos oferecermos como vítimas agradáveis a Deus. O Espírito Consolador, recebido no Batismo, nos conduzirá a nosso estado original.

‡ Caros irmãos, chamados a partilhar da herança dos santos, agora estais próximos de todas as virtudes. Todas elas vos pertencem se não vos embaraçais na vida carnal, mas permaneceis transparentes diante de Deus. É a pessoas capazes de me compreender que escrevo, a pessoas em condições de se conhecerem a si mesmos. Quem se conhece, tem a obrigação de adorar a Deus como convém.



FONTES:

http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/hagiografia/s_antonio_o_grande.html
  http://www.sintoniasaintgermain.com.br/santos.html

  http://www.padresdodeserto.net/antao12.htm








AS TENTAÇÕES DE SANTO ANTÃO



Mas o demônio, que odeia e inveja o bem, não podia ver tal resolução num jovem, e se pôs a empregar suas velhas táticas também contra ele .
 Primeiro tratou de fazê-lo desertar da vida ascética recordando-lhe sua propriedade, o cuidado de sua irmã, os apegos da parentela, o amor do dinheiro, o amor à glória, os inumeráveis prazeres da mesa e todas as demais coisas agradáveis da vida.
Finalmente apresentou-lhe a austeridade e tudo o que se segue a essa virtude, sugerindo-lhe que o corpo é fraco e o tempo é longo.
Em resumo, despertou em sua mente toda uma nuvem de argumentos, procurando fazê-lo abandonar seu firme propósito.

O inimigo queria sugerir-lhe pensamentos baixos, mas ele os dissipava com orações; procurava incitá-lo ao prazer, mas Antão, envergonhado, cingia seu corpo com sua fé, orações e jejuns.

Atreveu-se então o perverso demônio a disfarçar-se em mulher e fazer-se passar por ela em todas as formas possíveis durante a noite, só para enganar a Antão.

 Mas ele encheu seus pensamentos de Cristo, refletiu sobre a nobreza da alma criada por Ele, e sua espiritualidade, e assim apagou o carvão ardente da tentação.

 E quando de novo o inimigo lhe sugeriu o encanto sedutor do prazer, Antão, enfadado com razão, e entristecido, manteve seus propósitos com a ameaça do fogo e dos vermes (cf Jd 16,21; Sir 7,19; Is 66,24; Mc 9,48) (20).
Sustentando isto no alto, como escudo, passou por tudo sem se dobrar.

Decidiu então mudar-se para os sepulcros  que se achavam a certa distância da aldeia. Pediu a um de seus familiares que lhe levasse pão a longos intervalos.

Entrou, pois, em uma das tumbas; o mencionado homem fechou a porta atrás dele, e assim ficou dentro sozinho.

Isto era mais do que o inimigo podia suportar, pois em verdade temia que agora fosse encher também o deserto com a vida ascética.

Assim chegou uma noite com um grande número de demônios e o açoitou tão implacavelmente que ficou lançado no chão, sem fala pela dor.

 Afirmava que a dor era tão forte que os golpes não podiam ter sido infligidos por homem algum para causar semelhante tormento. 


Era como se os demônios abrissem passagens pelas quatro paredes do recinto, invadindo impetuosamente através delas em forma de bestas ferozes e répteis.

 De repente todo o lugar se encheu de imagens fantasmagóricas de leões, ursos, leopardos, touros, serpentes, víboras, escorpiões e lobos; cada qual se movia segundo o exemplar que havia assumido.

O leão rugia, pronto a saltar sobre ele; o touro, quase a atravessá-lo com os chifres; a serpente retorcia-se sem o alcançar completamente; o lobo acometia-o de frente .

E a gritaria armada simultaneamente por todas essas aparições era espantosa, e a fúria que mostravam, feroz.

Antão, atormentado e pungido por eles, sentia aumentar a dor em seu corpo; no entanto, permanecia sem medo e com o espírito vigilante. Gemia, é verdade, pela dor que atormentava seu corpo, mas a mente era senhora da situação e, como por debique, dizia-lhes:

"Se tivessem poder sobre mim, teria bastado que viesse um só de vocês; mas o Senhor lhes tirou a força e por isso se esforçam em fazer-me perder o juízo com seu número; é sinal de fraqueza terem de imitar animais ferozes".

 De novo o Senhor não se esqueceu de Antão em sua luta, mas veio ajudá-lo.

Pois quando olhou para cima, viu como se o teto se abrisse e um raio de luz baixasse até ele.

Foram-se os demônios de repente, cessou-lhe a dor do corpo, e o edifício estava restaurado como antes.

Notando que a ajuda chegara, Antão respirou livremente e sentiu-se aliviado de suas dores.

 E perguntou à visão: "onde estavas tu? Por que não aparecestes no começo para deter minhas dores?".

E uma voz lhe falou:

"Antão, eu estava aqui, mas esperava ver-te enquanto agias. E agora, porque aguentaste sem te renderes, serei sempre teu auxílio e te tornarei famoso em toda parte".

Ouvindo isto, levantou-se e orou: e ficou tão fortalecido que sentiu seu corpo mais vigoroso que antes.


 Tinha por aquele tempo uns trinta e cinco anos de idade.

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