Páginas

Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

terça-feira, 31 de março de 2015

SANTO INÁCIO DE LÁCONI, Irmão Capuchinho. Dois textos biográficos.


Primeiro texto biográfico:

Como é atrativa a vida simples dos santos irmãos leigos capuchinos! Como é simpática a sua figura! Sempre sorridentes, mesmo sob o peso do trabalho; grandes recitadores de orações; ignorantes das coisas do mundo, mas clarividentes das realidades divinas; dão sempre razão aos Superiores, venerando-os como representantes de São Francisco; sempre alegres no desempenho dos humildes serviços da Fraternidade; pedintes de pão e doadores de paz; imploram a ajuda material e estão sempre prontos a dar o amparo espiritual. Enfim, por onde passam são um Evangelho vivo; e trazem para o convento, para os servos de Deus e os pobrezinhos de Cristo, a esmola vinda da mão da Divina Providência, mesmo em tempo de penúria. Pela sua simplicidade, o Senhor deixa-se cativar por todos e em toda a parte. Abençoados e invejados, louvados e invocados, eis os nossos humildes, simples, obedientes Irmãos leigos!

     A Sardenha experimentou, no decorrer do século XVIII, os salutares benefícios da passagem de um deles: Santo Inácio de Láconi.

     Veio à luz na festa de Nossa Senhora de Loreto, de 1701, em Láconi (Nuoro). No batismo recebeu três nomes: Vicente, pelo qual será conhecido até ao ingresso no convento; Inácio, nome que recebeu e conservou como religioso; e Francisco, para contentar sua mãe, pois esta prometera, por divina inspiração, antes de o filho nascer, se o parto corresse bem, consagrá-lo a São Francisco para toda a vida.

     Era o primogênito de quatro irmãos, e teve a grande alegria de uma irmã clarissa. Desde a infância, os seus conterrâneos apelidavam-no de «II Santarello». Irresistivelmente atraído pela presença de Cristo vivo no Sacrário, logo de manhãzinha corria para a igreja e, enquanto espe­rava que o sacristão a viesse abrir, ele ajoelhava à porta e rezava. «Meu filho, levantas-te muito cedo». — «Não, porque a igreja é a minha casa».

     Deus cumulava-o de graças invulgares, reveladoras da sua alma de eleição. Mais de uma vez, acontecendo-lhe passar junto de crianças, entusiasmadas com o jogo, tocava numa com o seu fiel bastão e dizia: «Tu és para o Céu». Pouco depois, esse pequenito devia meter-se na cama para ir ao encontro dos anjos.

     Um dia, um seu tio convida-o a acompanhá-lo ao campo para levar de comer aos trabalhadores. Infelizmente, no último momento, lembra-se de que lá em casa só havia dois pães. «Que são dois pães para tantas bocas»? «Tio, não importa! Verá que hão de chegar!» Chegaram e até sobraram. Estupefato, o tio ficou sem saber o que dizer.

     Como será o futuro do jovenzinho? Costumava deitar um pouco de vinagre na sopa. «Mamã deixa-me fazer, pois deram a beber a Jesus vinagre com fel». Deste modo, a guardar os rebanhos e a trabalhar no campo, viveu a sua adolescência imaculada. Era, por isso, rodeado de estima e admiração por toda a gente. Na família constituía o centro de muitas esperanças. Faltava, porém, cumprir a promessa da mãe. Poderia ser cumprida? Completara 18 anos, quando foi acometido de doença grave. Então, ele mesmo tomou o seguinte propósito: se ficasse curado, abandonaria os seus queridos familiares para se consagrar ao Senhor nos irmãos Capuchinhos. Contudo, uma vez restabelecido, não mostrou pressa em cumprir o prometido.

     Passados dois anos, ele continua ainda a trabalhar no campo. Tinha agora 20 anos. O pai chama-o e diz-lhe: «É preciso ir à quinta de um tal camponês. Serve-te do cavalo». O animal era bom, mas ainda melhor o cavaleiro. Mas eis que, ao chegar a uma curva perigosa, o animal empina-se e desata numa correria louca em direção a um precipício. De repente, Vicente recorda-se do voto. Renova-o e promete: «Se me salvo deste precipício, far–me-ei Capuchinho». E aconteceu o milagre: o animal deteve-se da sua corrida desenfreada.

     Deus queria-o para uma vida diferente. Regressa a casa, conta tudo o que se passara, e pede aos pais que o levem a Cágliari, sede provincial dos Capuchinhos. Estamos em outubro de 1721. Após algumas reticências, motivadas pela sua magreza, é admitido ao noviciado com o nome de Frei Inácio.

A incerteza dos Superiores continua durante o noviciado. «Vida de Capuchinho é o mesmo que dizer vida austera. E Frei Inácio era demasiado débil». Contudo ele quer a todo o custo ficar. Deseja mesmo ficar. Redobra o seu fervor, tornando-se um verdadeiro modelo de vida. Um dia exclamou: «Virgem Mãe, ajudai-me, que já não posso mais». Uma voz lá no seu íntimo lhe segreda: «Coragem, Frei Inácio! Recorda quanto foi dolorosa a Paixão de meu Filho. Leva com paciência também a tua». E Frei Inácio vence a grande prova da sua vocação. Em 1722 emite a sua profissão religiosa e foi imediatamente destinado ao convento de Iglesias. Aqui leva uma vida exemplaríssima, no cumprimento dos deveres e no serviço de Deus e dos irmãos.

     Um dia, deixa cair, inadvertidamente, ao poço a chave da dispensa. Ajoelha-se, diz três «Ave-Marias» e pede a Nossa Senhora que o ajude. Faz descer o balde, tira-o cheio de água, e… dentro dele estava a chave!

     De Iglesias passa a Cagliari, onde é nomeado responsável dos Irmãos esmoleiros. Andava pelos 40 anos. Será nesta missão que ele deixará preciosos testemunhos de vida e onde se revelará como modelo de confiança na Providência de Deus.

     Frei Inácio, esmoleiro! Nenhum orador sagrado pregou, como ele, a Boa Nova com tanto fruto espiritual na capital da Sardenha; nenhum médico se lhe pode comparar na sua ação caritativa e curativa dos doentes; nenhuma mãe teve, como ele, tantos filhos para consolar. Vê-lo passar, era como ver a aparição de um anjo do céu. Quantas graças e milagres Deus fez por seu intermédio!
     Certa manhã demora-se na igreja a rezar. O Irmão encarregado do refeitório chama-o à parte, dizendo-lhe que não há nada para comer, e a culpa é sua. Frei Inácio ouve e cala. Nisto, dois esbeltos jovenzinhos chegam com dois grandes canastras de pão fresco. O Irmão do refeitório acolhe com alegria aquela dádiva, vinda de Deus. Vai despejar os canastras e volta para agradecer aos gentis benfeitores, mas já não os encontrou. Chama…, chama…, e nada! Pergunta se alguém os viu passar na rua…, e nada! Então, compreende. Vai ao encontro de Frei Inácio, ajoelha-se a seus pés e pede-lhe perdão. O Santo responde–lhe amigavelmente: «Irmão, nunca desconfies da Divina Providência. Aqueles que vivem para Deus, jamais serão abandonados».

     Fatos semelhantes aconteciam com frequência na Fraternidade! E com os seculares! A caridade para com eles não era menos cuidadosa. Contudo, não lhe faltaram provações e desgostos: «O bem que não é provado, não é meritório». Apenas um episódio. Numa aldeia vizinha vivia um casal. Bons esposos, casados há já 12 anos, mas não tinham a alegria de um filho. Esta era a sua grande infelicidade, para a Qual não encontravam consolação. Frei Inácio, na sua missão de esmoleiro, passava de vez em quando pela casa deles. E porque era venerado como san­to, aqueles bons esposos confiaram-lhe a sua tristeza. «Deixemos que o Senhor atue — disse Frei Inácio eu e os meus irmãos rezaremos, e vereis que Deus vos atenderá». Não faltaram, contudo, as más línguas, e até calúnias horríveis. Mas o coração e o olhar de Frei Inácio eram puros e simples como o olhar dos inocentes. A felicidade aconteceu naquele lar. E veio o dia do batismo. O Santo também quis ir à igreja. Num dado momento aproximou-se e disse: «Meu menino, diz-me: quem é o teu pai?» E a criança sorrindo, apontou, com a sua mão pequenina para o verdadeiro pai que, com imensa alegria, o tinha levado à igreja para batizar.

Certa ocasião quis corrigir e chamar à ordem alguns comerciantes que enganavam os seus clientes. Como fazer? Com a capa improvisou dois recipientes: num deles vazou o leite; no outro, o vinho. Por baixo saía apenas água!

Noutra ocasião viu de longe dois soldados vir ao seu encontro, trocando entre si estas palavras: «Eis o santo. As mulheres da Sardenha conhecem-no as mil maravilhas». Quando já estavam perto, disse-lhes: «É mais fácil eu fazer-me santo do que vós realizardes o que desejais, naquela casa.» E exortou-os a não entrar, se queriam escapar a uma grande desgraça.

Um comerciante rico sentiu-se humilhado por Frei Inácio não ter ido pedir esmola a sua casa. Queixou-se por isso, ao padre Guardião. «Irei, já que o superior me manda». A esmola foi abundante, mas Frei Inácio caminha com dificuldade pelas ruas de Cagliari. O alforje pesa-lhe como chumbo. Os transeuntes, estupefatos, diziam-lhe: «Frei Inácio, do alforje escorre sangue; levais carne lá dentro?» Finalmente chega ao convento; despeja tudo, e tudo estava ensanguentado. «Padre Guardião, tudo isto é sangue dos pobres, e foi adquirido através do roubo e da usura».

Como todos os servos de Deus, castigava sem piedade o seu corpo com contínuas privações e penitências. Chegava a deitar cinza na sopa. Se algum benfeitor lhe oferecia algum presente, ele recusava-o amigavelmente: «Estou acostumado ao pão negro; Deus vos pague».

Quanta fé e simplicidade na prática da obediência! Um dia o padre Provincial dá com ele a orar num canto escondido do convento e diz-lhe: «Frei Inácio, espera aqui, pois tenho um encargo para te dar». — «Benedicite, reveren­do Padre». Eram as sete horas da manhã. À noite, à hora de jantar, o padre Guardião pergunta ao Provincial se tinha mandado Frei Inácio à cidade. Então o Provincial recorda-se e manda-o chamar. Estava ainda de joelhos no mesmo lugar com as mãos nas mangas, em profunda oração. O Superior chama-o: «Que estás aqui a fazer, Frei Inácio?» — «Padre, estou a praticar a obediência». — «Bem, anda para a cozinha». Era uma sexta- feira, dia de jejum. O irmão cozinheiro diz-lhe para jantar. «Mas hoje é dia de jejum — responde Frei Inácio. Basta fazer uma pequena refeição». — «Come, come, irmão! Pratica a obediência, pois assim o ordena o padre Provincial». Frei Inácio põe-se à mesa e, no fim, exclama: «Como é bom comer por obediência! Como é bom jantar num dia de jejum por obediência»!

     Deus cumulou Frei Inácio com o carisma dos milagres e o dom da profecia. Narramos apenas um. Próximo do convento vivia uma linda menina. Ainda Frei Inácio vinha longe, já ela corria ao encontro dele, para lhe fazer uma festa, como se fora o próprio Jesus. Ele também ficava radiante ao ver a encantadora menina. Durante alguns dias o santo não saiu a pedir esmola. Precisamente, nesses dias, a menina cai doente e morre. No mesmo dia da morte, passando por ali, o santo esmoleiro pede notícias da sua pequena amiga. Contam-lhe o sucedido. «Vamos, Frei Inácio, chorai vós também! Aconteceu uma grande desgraça! Vinde vê-la». Sobe ao quarto onde jaz o cadáver já frio. Frei Inácio recolhe-se em profunda oração. Depois, volta-se para os pais desolados: «Não está morta; dorme. Esperai, que eu vou acordá-la». Sacode-a e chama-a. A menina abre os olhos, levanta a mãozinha e diz: «Tenho fome». Frei Inácio dá-lhe um pedaço de pão e entrega-a, viva, aos pais.

Já é tempo de finalizar estes breves episódios da sua longa, laboriosa e santa vida. Dois anos antes da sua morte ficou cego. Não fazia outra coisa senão rezar. No início do ano de 1781 despediu-se pela última vez da sua família e benfeitores, a quem distribuiu medalhas e objetos de devoção, dizendo a todos que voltaria a vê-los no céu. E, apoiado no bastão, pôs-se a caminho em direção ao convento.

     A 05 de Maio foi levado para a enfermaria. No dia seguinte confessa-se e, depois, pergunta ao confessor: «Que dia é hoje?» Era um domingo. Com os dedos contou até sexta-feira. No dia 09 pediu o Santo Viático. O sacerdote disse-lhe que não havia pressa. «Meu Padre, Deus, na Sua infinita bondade, sempre me ajudou em toda a minha vida: agora mais do que nunca preciso de ajuda para fazer a travessia para a vida eterna».

     A 11 de Maio pediu a Santa Unção. Nessa mesma manhã, chegara um hábil artista para pintar num quadro o retrato do seu amigo, mas ainda ele não tinha transposto a soleira da porta, e Frei Inácio diz: «Não deixeis entrar aquele senhor. Que necessidade tem ele de reproduzir as feições de um asno?» Quando o pintor entrou no quarto, o santo continuou: «Vejo as cores e os pincéis: em vez de reproduzir o rosto de um pecador, pintai o rosto da Virgem Mãe.»

     Avisou o Superior de que morreria depois de Vésperas. Às três horas, enquanto os sinos de Cagliari choravam a agonia do Salvador, ele levantou os olhos ao céu, e perguntou que horas eram. «Ah, sim»! E, juntando as mãos, partiu para a Glória. A notícia correu como um relâmpago. Todos choravam; toda a gente se lamentava: «Morreu o nosso santo! Morreu o nosso pai»! As tabernas e as casas de comércio fecharam. O luto foi geral. Toda a cidade parou.

     Os funerais constituíram um plebiscito de fraternidade e de saudade: abria o cortejo fúnebre a banda municipal; todo o clero secular e regular estava presente com o Capítulo e o Vigário Geral; os guardas, a custo, iam abrindo passagem por entre uma multidão compacta.

      Morrera o humilde, pobre e bom Irmão, cujo coração era tão grande como o mar. Foi beatificado por Pio XII a 16 de Junho de 1940. O mesmo Pio XII, em nome de toda a Igreja, proclamou a sua solene glorificação a 21 de Outubro de 1951, inscrevendo-o no Catálogo dos Santos.


Segundo texto biográfico

Santo Inácio de Láconi, o segundo numa família de nove irmãos, nasceu em Láconi, na Sardenha, a 17 de Novembro de 1701. Foram seus pais Matias Peis Cadello e Ana Maria Sanna Casu, pobres de bens materiais, mas ricos de fé. Desde pequeno se distinguiu pela sua bondade e piedade; sendo ainda adolescente, praticava contínuas mortificações e rigorosos jejuns.

Tinha 18 anos quando ficou gravemente doente e fez, então, a promessa de se fazer capuchinho se viesse a curar-se. Mais tarde, escapou a outro perigo mortal e nessa altura cumpriu a sua promessa. A 3 de Novembro de 1721 foi a Cagliari e apresentou-se no Convento dos Capuchinhos de Buoncammino.

Recusado inicialmente por causa da sua frágil constituição física foi, finalmente, admitido. Vestiu o hábito religioso dos Capuchinhos no Convento de São Bento a 10 de Novembro de 1721. No final do ano do noviciado, foi transferido para o Convento de Iglesias, onde recebeu o ofício de despenseiro, sendo, ao mesmo tempo, encarregado de esmolar na campanha de Sulcis.

Depois de passar durante 15 anos por diversos conventos, Inácio foi enviado para Cagliari, para o Convento de Buoncammino, recebendo aí o encargo de confeccionar os hábitos para os religiosos e depois, a partir de 1741, o ofício de pedir esmola naquela cidade – um ofício, então, considerado de grande importância e responsabilidade.

Cagliari foi, assim, durante 40 anos, o campo do seu maravilhoso apostolado, desenvolvido com um amor imenso no meio dos pobres e dos pescadores. Era venerado pelo encanto da sua virtude e pelos milagres que ia realizando até ao ponto de ser chamado por todos como “Padre Santo”. Um testemunho daquele tempo, nada suspeito e que mostra a grande veneração de que era geralmente rodeado o humilde capuchinho, é-nos oferecido pelo pastor protestante, José Fues, que vivia naquele tempo em Cagliari.

Numa carta escrita a um seu amigo da Alemanha, assim se exprimia: “Vemos todos os dias a pedir esmola, deambulando pela cidade, um santo vivo que é o irmão leigo capuchinho que, com vários milagres, conquistou a veneração de todos os seus compatriotas”.

Converteu-se numa figura típica, quase insubstituível naquela cidade da Sardenha que, precisamente naquela altura, tinha passado para o domínio da casa de Savoia. Pedia esmola nos bairros pobres, ao longo do porto, nas tavernas e nas lojas. Pedia e dava ao mesmo tempo. Por um lado, dava qualquer ajuda para socorrer os necessitados e, por outro, também um exemplo, uma boa palavra, um conselho, uma recomendação a apontar a virtude.

Conhecido por todos, por todos era respeitado e amado. Ia vendo as gerações sucederem-se em torno do seu próprio hábito, as crianças a converterem-se em homens e os homens a ficarem velhos. Somente ele não mudava. Sempre nos mesmos lugares, sempre atento à sua missão, sempre com a mesma humildade e caridade, a mesma simplicidade e bondade.

Tendo perdido a visão em 1779, passou os últimos anos de vida em intensa oração até ao dia da sua gloriosa morte, que teve lugar em Cagliari, a 11 de Maio de 1781.


Fonte: “Santos franciscanos para cada dia”, edição Porziuncola.

domingo, 29 de março de 2015

Beata Francisca de Paula de Jesus (Nhá Chica), Virgem e Leiga.


Foto da Beata Nhá Chica

Ainda pequena, Francisca de Paula de Jesus, que nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João Del-Rei (MG), chegou a Baependi (MG). Veio acompanhada por sua mãe e por seu irmão, Teotônio. Dentre os poucos pertences, trouxeram uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

Em 1818, sua mãe faleceu deixando aos cuidados de Deus e da Virgem Maria as duas crianças: Francisca de Paula de Jesus, então com 10 anos e seu irmão, com 12 anos. Órfãos de mãe, sozinhos no mundo, Francisca de Paula e Teotônio, cresceram sob os cuidados e a proteção de Nossa Senhora, que pouco a pouco foi conquistando o coração de Nhá Chica. Esta a chamava carinhosamente de "Minha Sinhá" que quer dizer: "Minha Senhora", e nada fazia sem primeiro consultá-la.

Nhá Chica soube administrar muito bem e fazer prosperar a herança espiritual que recebera da mãe. Nunca se casou. Rejeitou com liberdade todas as propostas de casamento que lhes apareceram. Foi toda do Senhor. Dava-se bem com os pobres, ricos e com os mais necessitados. Atendia a todos os que a procuravam, sem discriminar ninguém e, para todos, tinha uma palavra de conforto, um conselho ou uma promessa de oração. Ainda muito jovem, era procurada para dar conselhos, fazer orações e dar sugestões para pessoas que lidavam com negócios. Muitos não tomavam decisões sem primeiro consultá-la, e, para muitas pessoas, ela era considerada uma "santa". Todavia, em resposta para quem a perguntava de onde vinha a sabedoria de suas palavras e conselhos e as graças que alcançava com suas preces, respondia com tranquilidade: “É porque eu rezo com fé".

Estátua da Beata com a cronologia de
sua vida. 
Sua fama de santidade foi se espalhando de tal modo que pessoas de muito longe começaram a visitar Baependi para conhecê-la, conversar com ela, falar-lhe de suas dores e necessidades e, sobretudo, para pedir-lhe orações. A todos atendia com a mesma paciência e dedicação, mas, nas sextas feiras não atendia a ninguém. Era o dia em que lavava as próprias roupas e se dedicava mais à oração e à penitência. Isso porque sexta-feira é o dia que se recorda a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo para a salvação de todos nós. Às Três horas da tarde, intensificava suas orações e mantinha uma particular veneração à Virgem da Conceição, com a qual tratava familiarmente como a uma amiga.

Nhá Chica era analfabeta, pois não aprendeu a ler nem escrever, desejava somente ler as Escrituras Sagradas, mas alguém as lia para ela e a fazia feliz. Compôs uma Novena à Nossa Senhora da Conceição e, em Sua honra, construiu, ao lado de sua casa, uma Igrejinha, onde venerava a pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição que era de sua mãe e, diante da qual, rezava piedosamente para todos aqueles que a ela se recomendavam. Essa imagem, ainda hoje, se encontra na sala da casinha onde ela viveu, sobre o altar da antiga capela.

Em 1954, a Igreja de Nhá Chica foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor. Desde então, teve início, bem ao lado da Igreja, uma obra de assistência social para crianças necessitadas que vem sendo mantida por benfeitores devotos de Nhá Chica. Hoje, a Associação Beneficente Nhá Chica (ABNC) acolhe mais de 150 crianças entre meninas e meninos.

A "Igrejinha de Nhá Chica", depois de ter passado por algumas reformas, é hoje o "Santuário Nossa Senhora da Conceição" que acolhe peregrinos de todo o Brasil e de diversas partes do mundo. Muitos fiéis que visitam o lugar, pedem graças e oram com fé. Tantos voltam para agradecer e registram suas graças recebidas. Atualmente, no "Registro de graças do Santuário", podem-se ler aproximadamente 20.000 graças alcançadas por intercessão de Nhá Chica.

Nhá Chica morreu no dia 14 de junho de 1895, estando com 87 anos de idade. Como seu corpo, durante as exéquias, não manifestava nem o menor sinal de corrupção, foi sepultada somente no dia 18, no interior da capela por ela construída. As pessoas que ali estiveram sentiram exalar-se de seu corpo um misterioso perfume de rosas durante os quatro dias de seu velório. Tal perfume foi novamente sentido no dia 18 de junho de 1998, 103 anos depois, por autoridades eclesiásticas e por membros do Tribunal Eclesiástico pela Causa de Beatificação de Nhá Chica e, também, pelos pedreiros, por ocasião da exumação do seu corpo. Os restos mortais da Bem-Aventurada se encontram hoje no mesmo lugar, no interior do Santuário Nossa Senhora da Conceição, em Baependi, protegidos por uma urna de acrílico colocada no interior de outra de granito, onde são venerados pelos fiéis.
Nhá Chica é a prova de que para agradar a Deus o que importa é o amor, a fidelidade e a obediência que Lhe devotamos. Ele, inclusive, disse que seu divino Pai valoriza muito mais os “pequenos” e os “simples”, pois esses, como crianças dóceis, acolhem a mensagem do Reino de todo o coração: “Eu vos agradeço, ó Pai, pois escondestes essas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”.

Que no Céu, nossa querida “santa”, Nhá Chica, interceda por nosso Brasil: pelas crianças, pelos jovens, pelas famílias e por todos os que sofrem, para que sejam amparados sob o Manto Materno da Virgem da Conceição, a quem tanto amou e continuar a amar. Amém! 

sábado, 28 de março de 2015

SÃO JOSÉ SEBASTIÃO PELCZAR, Bispo e Fundador


    Nasceu em 17 de Janeiro de 1842 em Korczyna, uma pequena aldeia no sopé dos montes Carpazi, junto de Krosno. Passou a infância na aldeia natal, crescendo numa atmosfera impregnada da antiga religiosidade polaca que reinava em casa de seus pais, Adalberto e Mariana Miesowicz. Estes, avisados da inteligência excepcional de seu filho, depois de dois anos na escola de Horczyna, convidaram-no a prosseguir os estudos na de Rzeszów e, em seguida, no Liceu.
     Quando era estudante liceal, José Sebastião tomou a resolução de se dedicar ao serviço de Deus, porque, como podemos ler no seu diário, "os ideais terrenos vão-se desvanecendo, vejo o ideal de vida no sacrifício e o ideal do sacrifício vejo-o no sacerdócio". Entrou no Seminário Menor e, em 1860, iniciou os estudos teológicos no Seminário Maior de Przemysl.Foi ordenado sacerdote em 17 de Julho de 1864, tendo sido vigário da paróquia de Sambor durante um ano e meio. De 1866 a 1868 estudou em Roma no Colégio Romanum, (hoje Universidade Gregoriana) e no Instituto de Santo Apolinário (hoje Universidade Lateranense), desenvolvendo a sua cultura e o seu amor à Igreja e ao Papa. 
       Depois de voltar à sua pátria, ensinou no Seminário de Przemysl e, depois, durante vinte e dois anos, na Universidadede Jagelônica de Cracóvia. Teve fama de homem culto, ótimo professor, organizador e amigo dos Jovens, tendo sido diretor da Faculdade de Teologia. Como sinal de reconhecimento foi nomeado Reitor da Universida de Almae Matris de Cracóvia (1882-1883).Desejando realizar o ideal de "sacerdote polaco que põe generosamente a sua vida ao serviço do próximo", não se limitou a desenvolver um trabalho científico, mas dedicou-se apaixonadamente a uma atividade social e caritativa. Tornou-se membro ativo da Sociedade de São Vicente de Paulo e da Sociedade de Educação Popular, de que foi presidente. Nesse período, a Sociedade de Educação Popular fundou centenas de bibliotecas, organizou cursos gratuitos e distribuiu aos alunos mais de cem mil livros. 
       Por sua iniciativa, em 1891, foi fundada a Confraria da Santíssima Virgem Rainha da Polônia, com fins religiosos, sociais e ajuda aos artesãos, pobres, órfãos e doentes, de modo especial os desempregados.Perante os graves problemas sociais do tempo e seguro de interpretar a vontade de Deus, fundou em 1894 a Congregação das Servas do Sagrado Coração de Jesus, em Cracóvia; o seu carisma era a difusão do Reino de Amor do Coração de Jesus. Desejava que as Irmãs da nova Congregação fossem sinal e instrumento desse amor para com as jovens necessitadas, os doentes e quantos estivessem em necessidade.
     Em 1899 foi nomeado Bispo Auxiliar de Przemysl e, um ano depois, com a morte de D. Lucas Solecki, titular da Diocese, onde trabalhou durante vinte e cinco anos, com grande zelo pela almas que lhe estavam confiadas.Apesar da sua pouca saúde, dedicou-se empenhadamente em atividades religiosas e sociais. Visitava freqüentemente as paróquias, promovia o nível moral e intelectual dos sacerdotes, dando-lhes o exemplo de uma piedade profunda, que se exprimia no culto do Sacratíssimo Coração de Jesus e de Nossa Senhora. Convidava os fiéis a participar assiduamente nas funções eucarísticas e, graças aos seus esforços, durante o seu episcopado, cresceu o número de novas igrejas e capelas, enquanto outras eram restauradas. 
      Apesar da situação política desfavorável, presidiu três sínodos diocesanos, pondo as bases para novas iniciativas, tornando-as ainda mais estáveis e duradouras.Identificou-se com as necessidades dos seus fiéis, cuidando dos mais pobres; criou jardins de infância, refeições para pobres, casas para os sem teto, escolas profissionais para jovens moças, ensino gratuito no Seminário para os rapazes pobres, além de outras iniciativas. Olhou com atenção para os problemas dos operários, emigrantes e alcoólicos. Em cartas pastorais, artigos e numerosas intervenções, indicava sempre a necessidade de atender ao ensinamento social de Leão XIII.
     Dotado por Deus de diversos dons, não os escondia, antes os multiplicava e fazia frutificar. Deixou uma riquíssima herança literária, entre obras teológicas, históricas e de direito canônico, também em manuais, livros de oração, cartas pastorais, discursos e homilias.
      Morreu na noite de 27 para 28 de Março de 1924, deixando a recordação de um homem de Deus que, apesar das dificuldades do tempo, sempre fazia a vontade do seu Senhor. No dia do seu funeral, dele disse D. Antônio Bystrzionowsky, seu aluno e sucessor na cátedra universitária:  "O falecido Bispo de Przemysl uniu na sua pessoa os atributos e talentos mais belos, assim como um zelo pastoral indestrutível, o espírito de iniciativa, o dinamismo da ação, o fulgor de uma grande ciência e uma santidade de virtudes ainda maior. Foi exemplo luminoso de  excepcional  laboriosidade  e  de  entusiasmo sempre jovem". 
        O Santo Padre São João Paulo II beatificou-o em 02 de Junho de 1991, na quarta peregrinação à sua Pátria. Foi canonizado também por São João Paulo II em 2003. É muito venerado naquela que foi a sua Catedral e, muito particularmente, na igreja da Congregação das Servas do Sagrado Coração de Jesus, em Cracóvia. (Tem a sua memória litúrgica em 19 de Janeiro.)



Fontes:
http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20030518_pelczar_po.html

quinta-feira, 26 de março de 2015

Beato Francisco Spinelli, Presbítero e Fundador

Francisco nasceu em Milão, aos 14 de abril de 1853, cujos pais, trabalhadores humildes, eram muito cristãos. Ele cresceu forte, vivaz e ficava muito alegre ao brincar de teatro de fantoches com as outras crianças. Nas horas livres acompanhava a mãe nas visitas os pobres e doentes, sentindo-se feliz por amar e ajudar o próximo, conforme o ensinamento de Jesus. Assim foi que surgiu sua vocação.
Apesar de seu pai desejar que estudasse medicina, pôde seguir o chamado de Cristo e tornou-se um "médico de almas". Apoiado pela família, Francisco foi estudar na cidade de Bergamo, onde concluiu os estudos e recebeu a ordenação sacerdotal, em 1875. Neste ano do Jubileu, ele seguiu em peregrinação para Roma e, durante as cerimônias na igreja de Santa Maria Maior, teve a inspiração para criar uma família de religiosas que adorassem Jesus Sacramentado. Padre Francisco compreendeu o projeto de sua vida esperando o momento certo para colocá-lo em execução.
Retornando desta viagem, foi designado para lecionar na creche da paróquia de Bergamo, onde seu tio, padre Pedro, era o pároco. Desta maneira, desenvolveu o seu apostolado entre os pobres, lecionando também no Seminário e orientando algumas comunidades religiosas femininas. Em 1882, encontrou uma jovem, Catarina Comensoli, que desejava se tornar religiosa numa congregação que tivesse por objetivo a Adoração Eucarística.
Padre Francisco pode assim realizar seu sonho. Em dezembro de 1882, as primeiras noviças ingressam numa casa, que depois se tornou o primeiro convento, em Bergamo. Desta maneira fundou, inicialmente, o Instituto das Irmãs da Adoração. Sete anos depois eram nove as casas, onde as religiosas acolhiam pobres, doentes e deficientes mentais.
Tudo corria bem até quando, por vários equívocos, ele foi constrangido a deixar a diocese de Bergamo, em 1889, e se transferiu para a de Cremona, na aldeia de Rivolta d'Ada, onde suas filhas tinham aberto uma casa, tendo de deixar a direção do Instituto, também. Por isto, a fundação se dividiu: Irmã Comensoli criou a congregação das Irmãs Sacramentinas, e Padre Francisco, a das Irmãs Adoradoras do Santíssimo Sacramento.
Obtendo a aprovação da Santa Sé, as Adoradoras adquirem vida própria, com o propósito de adorar dia e noite Jesus na Eucaristia e de servir os irmãos pobres e doentes mentais, nos quais se "reflete o vulto de Cristo". Jesus foi a fonte e o modelo da vida sacerdotal do padre Francisco, do qual extraia força e vigor para servir os semelhantes.
Em Rivolta, ele supriu a comunidade, que tinha necessidade de tudo, como: escolas, creches, assistência aos enfermos e aos velhos abandonados. Seus preferidos eram os deficientes mentais, que ele alegrava pessoalmente, encenando espetáculos de fantoche.
Envolto numa imensa fama de santidade, morreu no dia 06 de fevereiro de 1913, sendo sepultado na Casa Mãe das Adoradoras, em Cremona, Itália. O Papa São João Paulo II, declarou Francisco Spinelli, Beato, em 1992, indicando sua festa para o mesmo dia da sua morte.


Fonte:

http://alexandrinabalasar.free.fr/francisco_spinelli.htm e o Blog Hágios da Trindade

terça-feira, 24 de março de 2015

SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET, Bispo e Fundador. Grande apóstolo da Espanha e Cuba. Orientador e Diretor Espiritual de muitos fundadores.



Gosto muito deste santo! Por isso trago aos leitores do blog três textos biográficos, cada um com seu “gênero próprio”, mas que se completam, para os leitores terem uma ideia dessa grande figura da história da Igreja.
Além de se destacar como insigne defensor da autoridade pontifícia, Santo Antonio Maria Claret foi um grande devoto de Nossa Senhora, havendo fundado a Congregação dos Filhos do seu Imaculado Coração, conhecidos como claretianos.



Primeiro texto biográfico

Período de tibieza na juventude

A Igreja desaconselha que se faça comparação entre os heróis da Fé elevados à honra dos altares. Não direi, pois, que Santo Antônio Claret foi o maior de seu tempo. Porém, penso que, se em cada quadra histórica alguns Santos sobrepujam os outros em importância aos olhos de Deus, nos planos da Providência um desses terá sido sem dúvida Santo Antônio Maria Claret.
Mais do que Fundador de uma congregação religiosa, ele nos aparece como um varão exponencial, dominando completamente sua época, pelo simples fato de ter existido.
Imagine-se um homem de baixa estatura, espanhol de temperamento ardoroso, catalão apimentado, filho de uma família bastante piedosa, dedicada à fabricação têxtil. Ainda jovem, morando em Barcelona, sentiu apelos divinos para algo de mais elevado, embora indefinido, pois não pensava na vocação sacerdotal. Mas, naquela cidade, envolveu-se com questões de tecelagem e se enfronhou nos assuntos práticos desse negócio, começando a esquecer do fervor da sua piedade dos tempos de menino. Passou alguns anos absorto no cuidado de máquinas, teares e coisas semelhantes.
Praticava ainda a religião, mas, nesse período de sua vida, pode-se dizer que Santo Antônio Maria Claret tendia a tibieza. Continuava a frequentar a igreja, assistia à Missa aos domingos, comungava algumas vezes por ano e também recitava o Rosário. Mas, fora do cumprimento estrito dessas práticas de piedade, só tinha pensamentos para o seu trabalho na indústria têxtil.
Certo dia, indo nadar com os companheiros no litoral, o movimento muito forte das ondas o arrastou mar adentro. Apelou à Santíssima Virgem e, de forma inexplicável para ele, percebeu que flutuava na superfície do oceano, sendo levado por força misteriosa até a praia, sem ter tragado sequer uma gota de água.
Salvo em terra, associou o episódio a uma lembrança que tinha tido, durante a Missa, das palavras de Jesus Cristo no Evangelho: “De que aproveita ao homem ganhar todo o mundo, se finalmente perde a sua alma?” (Mt 16,26).


Padroeiro dos tíbios

Algo de semelhante acontece conosco. A Santíssima Virgem atrai as pessoas as quais, uma vez fixadas, em geral entram no processo de tibieza. E se a misericórdia d’Ela não o impedir, acabam nesse lamentável estado de tibieza. A partir daí começa a segunda fase: é preciso remar até conseguir que elas se recauchutem. E quando correspondem à graça, experimentam uma espécie de nova conversão. Em seguida, inicia-se a terceira fase de sua vida espiritual.
Se, com o auxílio de Nossa Senhora, não tivéssemos o cuidado de ajuda-las, é de se temer que muitas dessas pessoas não perseverariam.
Então, com profundo respeito, podemos dizer que Santo Antônio Maria Claret nos aparece como o padroeiro dos tíbios. Por sua fidelidade à graça da conversão, tornou-se um modelo de santo, digno de ser imitado por nós. Ele alcançou esse triunfo sobre a própria indolência espiritual porque sempre nutriu particular devoção a Nossa Senhora, e a Santíssima Virgem, que o predestinava a grandes feitos, ajudou-o a se reerguer.


Rumo aos píncaros da santidade

Desde esse momento, com imenso fervor, ele empreendeu a marcha ininterrupta até atingir os píncaros de santidade, como veremos.
Ordenado sacerdote, tornou-se missionário. E revelou-se como o típico pregador popular (e gostaria de acentuar a palavra “popular”), com algumas características eminentes. Por exemplo, tinha voz possante, capaz de se fazer ouvir pelas multidões que enchiam as praças públicas onde ele pronunciava seus sermões, pois o espaço interno das igrejas era insuficiente para conter todos os fiéis desejosos de escutá-lo. E não raro, as mesmas praças se verificavam pequenas para reunir o público que comparecia às suas pregações.
Quando se dirigira de uma cidade para outra, sua fama de orador sacro era tal que grande parte da população de onde falara o acompanhava, processionalmente, até deparar com os habitantes da localidade vizinha, para a qual ele falaria. Durante o encontro, o Santo fazia um sermão de despedida de uns e de saudação aos outros, comovendo a alma de todos.
Sendo um orador popular muito vivo, interessante, ardente, profundo, sólido, substancioso e dotado de carismas extraordinários, davam-se fatos espetaculares durante as suas homilias. Por exemplo, às vezes ele interrompia suas palavras, apontava para uma mulher na assistência e lhe dizia de súbito: “A senhora pensa que não morrerá tão cedo, e terá vários anos pela frente. Sua morte se dará dentro de... — suspense! — seis meses”. Naturalmente, a indicada desmaiava, caía em prantos, etc.
Noutras ocasiões afirmava: “Vou expulsar o demônio que está pairando sobre este auditório”. E em seguida pronunciava a fórmula do exorcismo. Estrépito, raio em céu sereno caem os sinos do campanário e a população fica apavorada. Havia conversões em massa, pois bem podemos imaginar o efeito de pregações dessa natureza.
Santo Antônio compreendia de modo claro ter sido destinado por Deus à vocação de missionário junto ao povo. Nunca desejou tornar-se teólogo profundo, nem orador de alto porte, como um Pe. Antônio Vieira, um Bossuet, Bourdaloue, etc. Nascera para falar ao vulgo, e com sua oratória popular esplêndida, convertia multidões.
Compreendeu, igualmente, ser um homem feito para suscitar zelo, mais do que coordenar o zelo que suscitara. Por isso, passava pelas províncias despertando por toda parte o amor a Deus, deixando depois que outros utilizassem aquela semente e aquele fogo para melhores finalidades. Era, portanto, um modelo de desprendimento, sem a preocupação de colher para si, mas plantando para que outros colhessem.



Arcebispo em Cuba e confessor da Rainha

Depois de uma estupenda pregação nas Ilhas Canárias, afinal, foi promovido a Arcebispo em Cuba, então colônia espanhola cuja situação moral se apresentava muito decadente. Santo Antônio Maria Claret dedicou-se à conversão da Ilha, e quando começou a obter a emenda dos costumes, desencadeou uma reação intensa contra ele. Sofreu tantas e tão fortes oposições, e até atentados, que a Rainha da Espanha acabou intervindo e o retirou daquelas terras.
De volta à metrópole, Santo Antônio Maria Claret se instalou na corte, como confessor da Rainha Isabel II. Mulher de maus bofes, passou a se modificar e melhorar no contato com Santo Antônio, até que uma reviravolta política a destronou e a exilou para a França. Foi ele, portanto, quem provocou pelo seu zelo esse terremoto na Espanha, ao mesmo tempo em que desempenhava uma obra insigne, como missionário, em todo o país.


Defensor da infalibilidade pontifícia

Nesse período, fundou a Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria, cujo nome exprimem o culto fervoroso que ele dedicava à Mãe de Deus, sob essa invocação.
Alguns anos mais tarde, durante o Concílio Vaticano I, deu-se um dos célebres episódios da vida de Santo Antônio Maria Claret. Ele já estava idoso, doente, porém aureolado pelas mais altas graças que se possa receber. Por exemplo, o Santíssimo Sacramento nunca se deteriorava dentro dele, de uma comunhão a outra, de maneira que era um sacrário vivo, assim como Nossa Senhora que tinha Jesus vivendo n’Ela durante o período da Encarnação e da gestação.
Pois bem, ao ouvir no Concílio Vaticano I pronunciamentos de alguns bispos contra a infalibilidade papal, Santo Antônio se levantou e fez um famoso sermão em que declarou: “Oxalá pudesse eu consumar minha corrida, confessando e dizendo da abundância do meu coração esta grande verdade: creio que o Sumo Pontífice Romano é infalível”.
A atitude de alguns irmãos seus no episcopado o acabrunhou e o encheu de desgosto, a tal ponto que sofreu um começo de apoplexia, pela qual viria a falecer pouco depois, na França, recolhido numa Cartuxa. Era o ano de 1870.
E assim terminaram os dias desse magnífico varão de Fé, ao qual nos honramos de tomar por patrono, como grande promotor que foi da devoção a Nossa Senhora, em especial ao Imaculado Coração de Maria, bem como por seu ardoroso amor à Santa Sé Apostólica. Além disso, é modelo para nós, pois demonstrou que, nas camadas populares, ao contrário do que pretende a Revolução, uma pregação autêntica e boa produz maravilhosos resultados.
Todas essas razões nos levam a, no dia de sua festa, confiar de modo particular no patrocínio de Santo Antônio Maria Claret, e lhe pedir que nos alcance as melhores graças do Céu. (Os Santos Comentados, Monsenhor João Clá Dias, EP)




Segundo texto biográfico

Em Sallent, Espanha, no lar abençoado de João Claret e Josefa Clara, a 23 de dezembro de 1807, nasceu um menino que no dia do Natal, foi batizado com o nome de Antônio.  Esse menino seria operário, estrearia como industrial, seria seminarista, sacerdote, pároco, missionário, escritor, propagandista das boas leituras, Sacrário vivo, Apóstolo do Rosário, confessor e conselheiro da rainha, padre do Concílio do Vaticano e Santo.
Antônio era bom filho de Deus, bom filho de Nossa Senhora. Em casa, na igreja e na escola era também o bom filho, o bom menino. João Claret veria com gosto o filho estudar no seminário, mas por falta de recursos, teve de esperar por melhor oportunidade.
Finalmente, Antônio chega a Barcelona e inicia o estudo e o trabalho. Progride tanto num como noutro. Estuda o desenho que, mais tarde, será em suas mãos a arma poderosa de seu apostolado.  Ricos industriais começam a convidar Antônio, mas ele havia de ser Apóstolo e não industrial.  Salvo milagrosamente por Nossa Senhora, quando estava a ponto de morrer afogado no mediterrâneo, salvo ainda de uma gravíssima tentação de uma mulher apaixonada da qual fugiu, e quando percebeu que começava a diminuir e seu espírito de piedade, abandonou tudo para entrar no Seminário, repetindo a si mesmo: De que vale o homem ganhar o mundo se perder a sua alma?
Desde a primeira infância, Antônio queria ser sacerdote. Ele vira fugirem-lhe as esperanças. Ele conta: Com que fé, com que confiança falava com meu Pai!  Eu me oferecia mil vezes ao seu Santo Serviço: Desejava ser Sacerdote para me consagrar dia e noite ao seu ministério e lembro-me que dizia: Humanamente não vejo nenhuma esperança, mas Vós, que sois tão poderoso, se quiserdes, tudo resolvereis.  E me lembro de que com toda a confiança, me deixei em suas mãos Divinas.
 O santo bispo de Vich, decidiu ordenar o seminarista Antônio Claret antes de terminar seus estudos.  Dizia ao padre Fortunato Bres: “Quero ordenar logo a Antônio, porque há nele alguma coisa de extraordinário”.  A 13 de junho de 1835, Antônio é ordenado sacerdote, tendo já mais de 27 anos de Idade, e tendo em particular, continuar seus estudos por 3 anos. O seu primeiro cargo é o de Vigário Cooperador na sua terra natal, assumindo depois a responsabilidade de Paróquia.
Aí permanece quatro anos, querido de todos, que o veneram e começam a chamar de santo “padrezinho de Sallent”. “Padrezinho” será chamado mais tarde nas ilhas canárias por causa de sua pequena estatura de um metro e cinquenta e cinco centímetros.  Desligando-se do cargo de Vigário de Sallent, pensou em fundar uma Congregação de Sacerdotes, com o fim de pregar as Missões, mas, não sendo possível no momento, resolver ir para as missões estrangeiras, abrasado pelo desejo de derramar o sangue por Nosso Senhor Jesus Cristo.
 Para realizar esse ideal, parte a pé para Roma.  Em Marselha é acompanhado por um anjo em forma de um jovem, seguindo o resto da viagem em navios, mas na coberta, exposto às ondas que a invadiam em dias de tempestade e de chuva.
Em Roma, com o fim de mais facilmente poder ir às Missões de infiéis, entrou na Companhia de Jesus.  Mas Deus, que o queria fundador de uma congregação de missionários, manda-lhe uma doença que o obriga a sair do noviciado dos Jesuítas e voltar à Espanha.
Missionário Apostólico em Viladrau, pregou a primeira missão com grande sucesso, começando a vida de missionário aos 33 anos, sendo no mesmo ano levado por Roma ao ofício de Missionário Apostólico.
Toda a vida do Pe.  Claret, será assinalada por uma série ininterrupta de milagres, podendo muito bem ser comparada ao taumaturgo português, de quem recebera o nome.  Foi em Viladrau, nos começos de sua vida missionária, que realizou o primeiro milagre.  Quando uma casa de um seu amigo era presa de chamas, apesar de todas as tentativas de debelar o incêndio, chega o Pe.  Claret, dá uma volta ao redor do prédio, dando a sua bênção, e todos viram como, à medida que o padre abençoava, cessavam as chamas, sendo poucos os prejuízos.
 Desde então, os milagres se multiplicaram e podemos dizer do grande missionário do Século XIX, o que se dizia dos Apóstolos, que pregava e confirmava a doutrina com milagres de toda a espécie.    Deus concedeu também ao Pe.  Claret, poder extraordinário contra o demônio, que muitas vezes quis impedir o fruto das pregações do santo missionário. A Palavra de Deus pregada pelo santo missionário, operava maravilhas.  No confessionário, davam-se secretas informações das consciências. Pelas estradas e nas cidades, as conversações eram muitas vezes milagrosas.
O Padre Claret percorreu em pregações apostólicas, grande parte da Espanha e Ilhas Canárias; tinha visto a imensidão da seara, e por isso, vinha-lhe na mente a ideia de fundar uma Congregação de Missionários. O dia marcado, foi o dia 16 de julho de 1849.
Com mais cinco jovens sacerdotes, reunidos num pequeno quarto do Seminário de Cich, mobiliado com uma mesinha, uma cadeira e um banco sem encosto, e pendente na parede um crucifixo e um quadro da Mãe do Divino Amor, deu início à Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria.  O fim da Congregação foi determinado na primeira página das Constituições: “salvar as almas de todo o mundo por todos os meios possíveis”.
Ao começar a propor a ideia da fundação da congregação, ele dizia: “Hoje começamos uma grande obra”.  E a profecia realizou-se.  Cem anos após a fundação, o Fundador foi elevado à Suprema glorificação.  Mas, mal havia acabado de fundar sua Congregação de missionários, e quando consolidava a obra providencial da “Livraria Religiosa”, foi surpreendido pela nomeação para Arcebispo de Santiago de Cuba.  Ao chegar às terras cubanas, foi logo visitar o Santuário nacional de Nossa Senhora do Cobre, padroeira da ilha, e sob a proteção de Nossa Senhora, começou as visitas pastorais, verdadeiras missões que operavam a renovação espiritual e moral das cidades e aldeias visitadas.  Durante as visitas pastorais, ele pregava, catequizava, confessava, visitava as religiosas, consolava os doentes, dando-lhes esmolas, visitava os presos e defendia os pobres negros e escravos.
A um fazendeiro desumano, que maltratava os escravos disse o padre Claret, queimando na chama de uma vela, um pedaço de papel branco e outro preto: “Distingues as cinzas do papel branco e do papel preto? Pois do mesmo modo, que não distingues a cinza do papel branco e do papel preto, assim Deus não distingue entre o homem branco e o homem preto”.
Nas missões, visitas e nos recintos, os ouvintes ficavam pendentes dos seus lábios, apesar dos sermões serem longos e cheios de doutrina sólida.
A alegria dos bons era grande, considerando a felicidade de ter um santo por Arcebispo, mas os inimigos da Igreja, principalmente as lojas maçônicas, conspiravam ocultamente contra o santo arcebispo.  Por várias vezes atentaram contra a sua vida, incendiando a casa onde pensavam estar ele hospedado, e outra vez, servindo-se de um assassino.  Foi em Holguim, no dia 1 de fevereiro de 1856. O santo saía da Igreja depois de pregar um fervoroso sermão sobre Nossa Senhora. Ia acompanhado de várias pessoas. Ao passar por uma das ruas que levavam ao lugar onde estava hospedado, aproximou-se dele um homem, como se quisesse beijar-lhe o anel, e desferiu-lhe uma navalhada, abrindo-lhe o rosto desde a orelha até o queixo, e ferindo também o braço, fugindo logo após na escuridão.   Esses foram os primeiros atentados pessoais e muitos outros se registraram até mesmo no fim da vida.
Escreveu diversos livros e opúsculos destinados a toda a classe de pessoas.  Foram 144 obras, que nos legou o missionário, num total de 21.000 páginas.  Combatia os livros maus, fazendo de uma , feita de grande fogueira com mais de 3.000 livros obscenos e estampas escandalosas. No fim da primeira visita pastoral, já havia distribuído gratuitamente mais de 80.000 livros e 90.000 estampas e folhas de propaganda.  Nos 06 anos que passou na ilha, distribuiu mais de 200.000 gratuitamente.
Este santo fundador, havia ensinado aos seus Missionários que, para salvar as almas, usassem de todos os meios possíveis.  Durante o seu episcopado em Cuba e durante os anos passados em Madri, foi quando mais se dedicou à formação da infância e da juventude. Em Cuba, restaurou o antigo Seminário, fundou escolas populares e, para dar perenidade à sua obra educativa, fundou uma Congregação Religiosa dedicada ao magistério sob o título de Religiosas de Maria Imaculada.
O amor a Nossa Senhora que encheu a vida do Padre Claret, não se conteve no seu peito. Foram tantas as provas que recebera de Nossa Senhora, que ele não podia deixar de ser o Apóstolo Mariano.  Quando foi nomeado bispo, acrescentou ao próprio nome o de Maria.  Quando pregava, nunca se esquecia de falar de Nossa Senhora, o que mais comovia aos seus ouvintes.
O santo padre Claret, sempre humilde e amigo dos pobres, dos escravos negros e da gente simples do campo e das aldeias, foi de repente surpreendido com a nomeação para confessor e conselheiro de Isabel II, rainha da Espanha, que governava a nação espanhola no meio das maiores tempestades políticas e conspirações contra a Igreja e contra a coroa . Sendo obrigado a aceitar o cargo, viveu inteiramente alheio aos desmandos da política, orientando com prudência de santo, a consciência da rainha.
O santo confessor da rainha, sempre combatido e caluniado, sofrera já muitos martírios. Faltava-lhe, porém, o martírio do desterro, a separação da terra querida que o viu nascer, para morrer em terra estranha. Ele que consagrara a vida toda ao serviço da Espanha, era atirado pela revolução ao desterro.
Chegando a Paris, não se entregou ao descanso. Hospedado num pensionato de São José das Irmãs de Beley, recomeçou as atividades como escritor e como pregador. Confessava, dava a Comunhão, crismava. 
A 24 de abril de 1869, foi recebido em audiência por Pio IX, em Roma. Pio IX, tão perseguido e caluniado, soube compreender os sofrimentos do padre Claret e consolá-lo com mostras de extraordinário carinho. Pio IX já havia escrito, ser o Padre Claret, "um homem todo de Deus"
Em Roma, não cessou de escrever e pregar, visitando e pregando principalmente aos seminaristas do Colégio Pio Latino Americano, e preparando-se para tomar parte ativa no Concílio Vaticano I. 
O imortal Pio IX, a 29 de junho de 1868, convocou um Concílio Ecumênico, que foi aberto solenemente a 8 de dezembro de 1869. Chegaram a Roma bispos ilustres, vindo de todos os recantos do orbe, venerandos pela idade, gloriosa da fé, missionários de terras longínquas, escritores célebres, teólogos famosos, atingindo o número de 767. Entre eles, um arcebispo humilde pela estatura, doente, alquebrado pelo peso dos anos, dos trabalhos, das perseguições e dos atentados. Dom Antônio Maria Claret.
Quando se discutia a definição do dogma da Infalibilidade Pontifícia, ele pediu a palavra e falou mais com o coração do que com os lábios, defendendo a prerrogativa divina do Sumo Pontífice. E terminou com estas palavras: "Oxalá pudesse eu consumar o sacrifício começado em 1856, ao descer do púlpito para pregar a fé..." e terminava mostrando as cicatrizes do rosto e do braço, declarando estar pronto a derramar todo o sangue das suas veias, para defender o dogma da infalibilidade pontifícia. 
Oitenta anos depois, a Igreja escolheu a primeira e mais lídima glória do Concílio Vaticano, entre 767 ilustres cardeais, arcebispos e bispos, e tributou-lhe a glorificação suprema da Canonização.
Os Missionários do Coração de Maria, não puderam gozar por muito tempo da companhia do pai querido, que teve de abandonar a casa dos filhos para continuar seu desterro no Mosteiro cisterciense de Fontfroide. Recebeu com alegria o Viático e a Extrema Unção e, após uma prolongada agonia, morreu a 24 de outubro de 1870, sem dívidas, sem dinheiro e sem pecados, como desejara.
Antes mesmo que cessassem as calúnias e perseguições, começava a glorificação do Pe. Claret. Deus multiplicava por suas mãos os milagres e favores sobrenaturais.
A Igreja instaurou os processos de Beatificação e Canonização, examinando todos os seus escritos e declarando nada haver neles contra a sã doutrina; examinou a sua vida e proclamou que exerceu as virtudes em grau heroico.  Examinou os milagres operados depois da morte e elevou-o à glória dos Beatos em 25 de fevereiro de 1934. Pio XI o declarava então: "Figura verdadeiramente grande, apóstolo infatigável, organizador moderno, precursor da ação católica, principalmente por meio da imprensa, na qual não foi superado por ninguém".
E, num dia radiante de luz e glória, Pio XII o canonizou no Ano Santo de 1950, no dia 07 de maio.  A terra toda entoou os seus louvores. A Igreja divina de Cristo prostra-se aos seus pés para invocá-lo: "SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET, ROGAI POR NÓS!". 



Terceiro texto biográfico (mais resumido)

Santo Antônio Maria Claret (Antoni María Claret i Clará) nasceu em Sallent, Catalunha (Espanha) em 23 de dezembro de 1807 e faleceu em Fontfroide, Narbona, em 24 de outubro de 1870.
  Após laborioso e fecundo apostolado como sacerdote na Espanha, após sua ordenação episcopal, foi designado para ser arcebispo de da Ilha de Cuba. Foi também fundador (em 1849) de uma família religiosa: a Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria (Cordis Maria Filius - C.M.F.), mais conhecidos como Padres Claretianos. 
  Infelizmente, esse grande santo é desconhecido pela maioria do povo católico. Foi modelo de sacerdote e, como bispo, zeloso pastor de almas. Muito se dedicou e sofreu pela salvação do rebanho a ele confiado. Percorreu a pé todas as comunidades e vilas de sua amada arquidiocese (ilha de Cuba), nos anos que lá exerceu seu ministério pastoral. Pregava a Palavra do Senhor como um ardente apóstolo. Tinha grande misericórdia pelos pecadores, sobre os quais exercia milagrosa influência e carisma para a conversão.
    Divulgou filial e fervorosamente a devoção à Santíssima Virgem Maria, especialmente ao seu Imaculado Coração. Quando fundou sua Congregação de Padres dedicados à missão e, atualmente, ao apostolado também por meio da imprensa escrita (revistas e jornais católicos), colocou a nova família religiosa sob o patrocínio do Coração Imaculado de Maria.
   Nutria especial devoção à Sagrada Eucaristia, de tal forma que, milagrosamente, a espécie consagrada (hóstia) conservava-se intacta dentro de seu coração. Tal milagre foi comprovado após sua morte, quando, ao ser examinado o coração do santo, achou-se uma hóstia perfeitamente intacta dentro do ventrículo esquerdo do coração do santo.
Santo Antônio Maria Claret previu, em visões, que a ilha de Cuba passaria um longo tempo afastada de Deus, por causa de um "tirano" inimigo de Deus. Porém, também previu que esse mesmo inimigo morreria "só" em seu quarto, abandonado por todos (Fidel Castro?).

Santo Antônio Maria Claret, rogai por nós!