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terça-feira, 17 de março de 2015

Beato Francisco Palau y Quer, Presbítero Carmelita Descalço e Fundador. Grande exorcista e profeta do século XIX.


O Beato Francisco Palau y Quer, Fundador das Carmelitas Missionárias e Carmelitas Missionárias Teresianas, nasceu em Aytona, Barcelona a 29 de Dezembro de 1811. Depois de uma infância perpassada pelos acontecimentos inerentes a ocupação francesa, o menino tornou-se num jovem na procura de um ideal que albergasse o seu sonho de entregar-se ao Amor. Procurou no Seminário em Lérida (Barcelona)… foi ao Convento dos Frades Carmelitas Descalços onde professou… mas Deus tinha outros planos para ele e servindo-se da revolução anticlerical que levou à exclaustração e expropriação das ordens religiosas lançou-o numa procura incansável da Sua Amada (= Igreja)! Esse fogo fê-lo ordenar sacerdote em Barbastro.

Passou as fronteiras… Servindo a Igreja, descobriu que os homens eram explorados e não conheciam o Evangelho. Criou a Escola da Virtude onde se reuniam para a evangelização. Também se serviu das missões populares e da imprensa com o jornal ”Ermitaño”. Tornou-se incomodo e confinaram-no à Ilha de Ibiza. Aí dedicou-se à oração; a pregação pela ilha, tendo como singular companheira de caminho a Virgem do Carmo; atender por via epistolar aqueles que com ele se dirigiam. E eram muitos… núcleos de mulheres que procuravam viver segundo a sua orientação e de homens que viviam como eremitas.

A sua alma buscadora encontrou finalmente o que há tanto tempo ansiava: o Deus dos homens e os homens de Deus numa totalidade. Assim o mistério da Igreja (Deus e o próximo) centrou o seu coração e contagiou aqueles que com ele tratavam. O seu tesouro não podia ficar escondido! Surgiram as primeiras comunidades que se identificaram com este seu sonho! Este sonho chegou até hoje e estende-se pelos cinco continentes, prolongando-se em cada carmelita missionária e carmelita missionária teresiana. A sua vida entregue à Igreja transfigura-se no dia 20 de Março de 1872.
Francisco Palau, Homem, de rasgos fortes e bem marcados; de mediana estatura e de constituição forte se descobre uma figura austera e severa. Enamorado do silêncio, do retiro e da solidão, é e se sente apóstolo de atividades múltiplas e transbordantes. Pregador incansável: vê a recristianização do ambiente espanhol e europeu como uma autêntica obra de evangelização. A Direção Espiritual foi um dos meios pelos que transmitiu com maior eficácia e autenticidade o seu espírito aos membros da família religiosa que criou. Fica também expresso nas suas cartas. A sua faceta de catequista e renovador fez patente na grande obra da Escola da Virtude de Barcelona. Foi escritor, mais por exigências pastorais que por vocação. Conseguiu, no entanto, compor páginas originais que ocupam lugar privilegiado na literatura religiosa e espiritual do século XIX espanhol.
Algumas das suas obras são: a Luta da alma com Deus; A vida solitária; o Catecismo das Virtudes; Mês de Maria; A escola da Virtude Vindicada; A Igreja de Deus Figurada pelo Espírito Santo; entre outras. Menção especial merecem as páginas de índole autobiográfica como são as cartas e As minhas Relações com a Igreja. As 169 cartas reunidas no epistolário são uma fonte insubstituível para conhecer e compreender o Padre Francisco Palau. Foi considerado exorcista pela sua missão a favor dos marginalizados que o procuravam na sua residência de Santa Cruz de Vallcarca (Barcelona).

Foi beatificado a 24 de Abril de 1988 e a sua festa litúrgica celebra-se a 07 de Novembro.


Pensamentos do Beato Francisco Palau y Quer

“Que bem cuidado está aquele que se fia de Deus!”
“Irei aonde a glória de Deus me chame.”
“A voz de Deus não deixa vazia a alma, enche-a e dá-lhe firmeza.”
“A obra grande de Deus no homem lavra-se no interior.”
“Amar a Deus e ao próximo é a finalidade da minha missão.”
“Confiemos em Deus e na Sua Mãe, e não seremos enganados nem confundidos nas nossas esperanças.”

“Amo-te Igreja! O mínimo que te posso oferecer é a minha vida!”
“Na oração tudo encontrarás!”


AS PROFECIAS DO BEATO FRANCISCO PALAU:

Em seu jornal “El Ermitaño”, o Beato Palau tratou especialmente dos eventos de sua época.
     Ele via os problemas religiosos, políticos, sociais, econômicos – e até tecnológicos – como fazendo parte de um só e imenso movimento que, animado por Lúcifer e seus sequazes, procurava derrubar a Igreja Católica e a ordem social cristã.
     Arguto e intenso analista das informações que chegavam a Barcelona através dos jornais e telégrafos, ele teceu visualizações inspiradas pela Fé e pelos seus estudos teológicos às quais é difícil recusar uma inspiração profética.
     Sua linguagem, como era usual em seu tempo, utiliza muitas figuras e símbolos. Por exemplo, no artigo seguinte, intitulado “Um Cometa”, publicado em 25 de Agosto de 1870. O cometa simboliza e sinaliza aqui a libertação de Satanás, para fazer os danos ao mundo previsto no Apocalipse:
     Exilado em Ibiza, ia ao rochedo Vedrá fazer retiro espiritual: “Eu vi um cometa, o mesmo cometa, aquele sinal misterioso, sobre o qual fiz tantas reflexões. Sua cauda tinha forma de espada, de uma espada de fogo que lançava bolas de fogo em direção à terra. Eu fiquei atento olhando para a espada. Horrivelmente fiquei tomado de espanto, porque apareceu uma mão misteriosa que empunhou a espada, e na hora pelo orbe inteiro se ouviram hinos de guerra: guerra no mundo oficial político, guerra entre os reis, guerra por razões de interesse puramente material”.
     “Enquanto eu olhava a mão que empunhava a espada de aço voltada contra a cabeça dos reis, saiu do cometa outra cauda, e apareceu na hora uma outra mão que pegou a cauda do cometa que era toda de fogo e em forma de espada, e entre trovões e relâmpagos a espada jogava raios e faíscas contra o globo terrestre, e as duas espadas, batendo entre elas, acendiam sobre a terra a mais encarniçada guerra que os séculos já viram: na política e na religião: uma guerra universal. (…)”
     “O cometa era um sinal colocado no firmamento do mundo espiritual. Ele joga uma luz que ilumina a história presente e vindoura deste mundo material visível onde acontece a atividade humana. (…)”
     “A luz desse cometa ilustra o cumprimento desta profecia: ‘Satanás será solto da prisão. Sairá dela para seduzir as nações dos quatro cantos da terra. ’” (Ap. 20, 7-8)
     “À luz deste cometa se vê a obra de Satanás, aquele mistério de iniquidade que começou a se tramar contra a Igreja, quando Ela estava ainda em seus primórdios. Satanás desencadeado seduziu todos os reis e todos os príncipes da terra; ele voltou suas espadas e cetros contra a Igreja: esta é a sua obra.”
     “O cometa mostra duas mãos e as duas empunham uma espada, e as duas vão contra Cristo e sua Igreja, e anunciam uma guerra igual à dos primeiros séculos, porém mais horrorosa, sem comparação. (…)”
     “Satanás desencadeado consumou sua maldade, porque obteve nesta ordem material política a apostasia de todos os reis e governos.”
     “Eu, o Ermitão, percebendo este fato, peguei dois pedaços de madeira, fiz uma Cruz e escrevi nela Quis ut Deus? (…)”
     “O cometa significa e desvenda o desencadeamento e a libertação do diabo e, em consequência, a apostasia predita pelo apóstolo: um reino de trevas e de maldade, uma época de incredulidade e de erros.”
     “O cometa sinalizará o anátema, a maldição, a morte, a guerra e a anarquia social; dias de luto e pranto. E quando o Ermitão viu este sinal, quer dizer, o diabo desencadeado, vos disse, e vos repete sempre a mesma coisa, certo de que o tempo confirmará a verdade destes fatos.”
     Lúcifer, autor da revolta no Céu, instiga uma revolução análoga na Terra. As antevisões do Beato Francisco Palau y Quer, OCD, (1811-1872) impressionam pela penetração e riqueza de panoramas.
     As suas previsões referentes aos dias de hoje são surpreendentemente detalhadas, abrangentes, fruto de longos estudos dos autores sagrados, Doutores e grandes teólogos da Igreja.
     O Beato via os eventos históricos futuros imediatos se desenvolvendo segundo uma sequência fundamental:

     1°. A marcha do mundo em direção à dissolução social e ao estabelecimento de uma anti-ordem caótica como fruto de uma Revolução anticristã;
     2°. A denúncia dessa Revolução por um enviado de Deus e seus discípulos, seguida da justa punição divina da iniquidade;
     3°. A restauração da Igreja e das nações por obra do Espírito Santo e o advento de um período em que as pessoas imbuídas do espírito do Evangelho dariam uma glória a Deus historicamente inigualável. Esse período histórico duraria até o fim do mundo.

     O bem-aventurado frade deplorava as sucessivas quebras das instituições fundamentais da ordem cristã como a família e a propriedade.
     Lamentava a demolição da moralidade e dos estilos de vida tradicionais, minados pela revolução industrial. Condenava a derrubada das formas tradicionais de governo por constantes golpes políticos.
     Não aceitava que todas essas demolições convergentes fossem resultado do acaso. Pelo contrário, a variedade imensa das crises era para ele resultante de uma causa única.
     Ele se perguntava se por detrás delas, no comando, não havia alguma inteligência forçosamente diabólica.
     “Sim – respondia ele –, o próprio Lúcifer, que seduziu um terço dos anjos no céu, apoderou-se do coração de uma série de homens-chave na Terra e mais uma vez ergueu a bandeira da revolta. Esse novo non serviam (‘Eu não servirei’) é a grande causa das crises no mundo, concluía”. E essa para ele tinha um nome: “Revolução”.
     “O que é a Revolução? – explicou – É hoje na Terra aquilo mesmo que aconteceu no Céu quando Deus criou os anjos: Satanás (…) seduziu todos os reis e governos da terra e com a bandeira ao vento dirige seus exércitos na guerra contra Deus, (…) isto é revolução, isto é anarquia entre os homens e guerra contra Deus” (“Triunfo de la Cruz”, El Ermitaño, Nº 125, 30-3-1871.).
     “Satanás é o pai da Revolução – ensinava, parafraseando um célebre escrito de Mons. de Ségur –, essa é a obra dele, iniciada no Céu e que vem se perpetuando entre os homens de geração em geração. Por primeira vez após seis mil anos ele teve a ousadia de proclamar diante do Céu e da Terra o seu verdadeiro e satânico nome: Revolução”!
     “A Revolução tem como lema, a exemplo do demônio, a famosa frase: não obedecerei! Satânica em sua essência, ela aspira a derrubar todas as autoridades e seu objetivo derradeiro é a destruição total do reino de Jesus Cristo sobre a terra” (“Adentros del catolicismo – abominaciones predichas por Daniel profeta en el lugar santo: Apostasía”, El Ermitaño, Nº 21, 25-3-1869.).

     Segundo o bem-aventurado, essa Revolução realiza os anúncios das Sagradas Escrituras relativos à apostasia dos últimos tempos. A análise racional, tranquila e vigorosa dos acontecimentos sociopolíticos contemporâneos o confirmava nesta sua convicção.
     A Revolução leva a uma catástrofe que o Beato Palau queria evitar; No século XIX a humanidade imergia de modo displicente e veloz na anarquia, impelida pelas tendências desordenadas que alimentam a Revolução, especialmente o orgulho e a sensualidade. Por isso, o Beato Palau concluiu que a dinâmica revolucionaria impulsiona o mundo de modo implacável ao caos e ao desaparecimento da ordem social.
     O beato usava como exemplo um acidente ferroviário que abalou seus contemporâneos. Um temporal derribara uma ponte na Catalunha, e um trem expresso – naquela época símbolo embriagador do progresso industrial – sem saber do acontecido, precipitou-se no abismo durante a noite.
     Ele viu no acidente uma parábola do mundo superficial e despreocupado, portador de restos de cultura e religião, sendo conduzido pela Revolução rumo a uma catástrofe que o bem-aventurado desejava evitar, mas que ninguém queria ouvir falar:
     Guerra Civil Espanhola: um passo na marcha da Revolução: “Uma horrorosa catástrofe anunciada pelos profetas, por Cristo, pelos Apóstolos e por todos os porta-vozes mais autorizados do catolicismo. A sociedade atual, conduzida em massa pelo poder das trevas e pelo poder político, subiu num trem. Mas os maquinistas a levam para os infernos. A estação de onde saiu chama-se Revolução, a próxima estação chama-se Catástrofe Social.”
     “Agora o trem circula entre uma estação e outra. Os passageiros não pensam, o Ermitão dá berros fortíssimos: ‘Parem, voltem atrás!’.”
     “Mas essa voz, que é a própria voz do catolicismo, é sufocada pelo ruído do trem. (…) A tempestade levou a ponte. Era noite e o trem que partiu de Gerona ia em frente. Os viajantes não sabiam do perigo, mas a ponte não estava ali. As trevas escondiam o risco, até chegar ao abismo. A locomotora deu um pulo e não tinha asas, faltavam os trilhos, só havia o precipício. Ela caiu, arrastando consigo os carros e os passageiros. E as águas os engoliram.”
     “Eles não acreditaram no perigo, mas ele existia, era verdadeiro, e a incredulidade não os salvou, mas os perdeu.”
     “Os maquinistas e condutores do trem para onde vai à sociedade atual estão ébrios, perderam o juízo. Não vedes que não acertam uma?”
     “Descei enquanto puderdes, e jogai-vos nos braços da Igreja (a autêntica, Aquela que não apostatará) vossa Mãe, e assim vos salvareis.” (“Catástrofe social”, El Ermitaño, Nº 40, 5-8-1869)


Como a Revolução satânica se infiltrou na Igreja?
O Bem-aventurado Francisco Palau e Quer, OCD, tomava como ponto de partida em seus escritos proféticos os fatos políticos, sociais e religiosos que lhe tocava assistir no dia-a-dia. E os analisava conscienciosamente à luz da Fé e dos dados dos doutores da Igreja.
     Ele expunha suas conclusões através de uma linguagem rica em imagens, visando torná-las acessíveis aos leitores de seu jornal “El Ermitaño”.
     Assim, ele apresentou uma conversação figurada do personagem principal de sua revista – “o ermitão” – com o próprio Deus, sobre o Concílio Vaticano I, que tantos benefícios trouxe para a Igreja.
     Nela, o Beato põe nos lábios de Deus a seguinte explicação: “Por causa da corrupção dos costumes [Satanás] se introduziu no Sancta Sanctorum e, enquanto comanda todos os reis e poderes políticos da terra em batalha contra Mim, desde o exterior da Cidade Santa, paralisa de dentro a Minha ação, entorpece Meus empreendimentos e frustra Meus projetos” (“Roma vista desde la cima del monte”, El Ermitaño, Nº 58, 9-12-1869).
     Entre os instrumentos desta ofensiva interna contra a Igreja ele apontava uns estranhos “sacerdotes” do demônio: “Alguns destes homens e mulheres exibem uma virtude religiosa aparente, vão se confessar, ouvem a missa, comungam com frequência, mas o que há com eles? Horror!
     “Recolhem as formas eucarísticas, levam-nas para casa e as apresentam em sessões satânicas para serem espezinhadas. Esses são os Judas dentro do próprio santuário, que introduziram os demônios no local onde não tem direito, e encheram o templo de Deus de abominações” (“El maleficio”, El Ermitaño, Nº 103, 27-10-1870).
     “Satanás entrou no santuário – acrescentava o religioso carmelitano – e o encheu de abominações, sustentado por poderes que se intitulam católicos, e que de dentro do próprio santuário fazem guerra contra nós, uma guerra atroz, a mais perigosa que a Igreja já teve que enfrentar. (…)
     “(…) porque ao inimigo convém nos combater a partir de dentro da fortaleza, e por isso ele usa a roupagem e o nome de católico, e com essa fachada se apresenta em certos atos religiosos para fascinar as turbas e criar confusão até no céu” (“Campamento de epidemia en Vallcarca”, El Ermitaño, Nº 99, 29-9-1870).
     Em 1968, S.S. Paulo VI afirmou que “a fumaça de Satanás entrou no lugar sagrado” (Discurso ao Pontifício Seminário Lombardo, 7-12-68, Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, 1968, vol. VI, p. 1188; e Homilia “Resistite Fortes in fide”, 29-6-1972, ibid., 1972, vol. X, p. 707).
     Cem anos antes, o bem-aventurado carmelita já denunciava com horror esta infiltração na Igreja.
     Misteriosa estirpe espiritual de Judas agindo na Igreja. Em numerosas ocasiões, o bem-aventurado alude à existência de um “Judas” enquistado na Igreja.
     Com esta expressão ele não se referia a um indivíduo em particular, mas a uma espécie de estirpe espiritual que ao longo dos séculos trabalha dentro da Igreja contra Ela.
     Segundo ele, essa linhagem do mal se manifestou de modo patente em certos heresiarcas, mas na maior parte do tempo agiu em segredo, escondida da massa do clero e dos fiéis.
     No quê consiste essa estirpe? Como entrou na Igreja sacrossanta? Como pôde manter-se n’Ela? Como age? Qual é o seu sinal distintivo?
     O santo religioso não se estendeu muito em pormenores históricos. Ele via, porém, que ao longo dos séculos sempre houve manobras diabólicas para infiltrar agentes e organizá-los dentro da Igreja.
     O primeiro instrumento foi o próprio Judas Iscariotes, que dá o nome a esta estirpe do mal. Mas o Iscariotes acabou se autodenunciando quando vendeu o Cordeiro Imaculado ao Sinédrio. Porém, poucos anos depois, nos tempos apostólicos, este filão da perdição já estava agindo.
     É o que diz São João em sua primeira epístola: “18. Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora. “19. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos.” (I Jo. II, 18-19)
     O Apóstolo amado acrescenta que “o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, já está agora no mundo”. (I Jo. IV, 3)
     Os Atos dos Apóstolos (cfr. Act, VIII, 9-24) narram a história de Simão o Mago, que Santo Irineu qualifica de pai de todas as heresias (“Adversus Hereses”, livro I, cap. 23).
     O bem-aventurado carmelita atribui à gestação dos erros e desordens na Igreja a esta estirpe de Judas:
     “Judas e o diabo se combinaram contra Cristo, mas os dois foram expulsos do colégio apostólico. (…) o diabo buscou então portas para entrar no seio do catolicismo, e as encontrou nos heresiarcas. As portas lhe foram abertas pelos próprios cristãos que lhe entregaram as chaves da incredulidade e da corrupção das doutrinas”.
     “Agora ele está dentro. Desejais vê-lo? Entrai, e o que vereis? Vereis homens que se intitulam católicos, mas blasfemam como demônios e perseguem com furor o catolicismo”. (…)
     “Vereis o diabo dentro do próprio santuário, desafiando a onipotência de Deus com blasfêmias proferidas diante de seus altares. Vereis no povo católico as abominações prenunciadas por Daniel profeta. Vereis o anticristianismo instalado no poder. Vereis que o diabo se introduziu no lugar sagrado, e corrompe, perverte, tenta, prova” (“El suicidio”, El Ermitaño, Nº 87, 7-7-1870).
     O Beato punha na boca de um demônio as seguintes palavras, falando desta linhagem de heréticos:
     Nossa obra que com tanta cautela urdimos desde Judas traidor até esta data, encobrindo o plano com que foi concebida e que com sumo prazer vemos consumada na apostasia de todas as nações” (“Un misterio de iniquidad”, El Ermitaño, Nº 111, 22-12-1870).
     Esse plano – segundo a profética previsão do frade carmelitano – iria atingir sua plenitude por uma misteriosa permissão divina:
     “Ermitão, (…) escuta: deixa que o diabo e o ímpio completem o mistério de iniquidade que ele iniciou dentro do próprio santuário com Judas traidor” (“Adentros del catolicismo”, El Ermitaño, Nº 21, 25-3-1869).
     Contra essa pérfida linhagem lutaram os grandes santos da Igreja, sem nunca terem conseguido extirpá-la completamente.
     São Pio X, na célebre encíclica Pascendi Dominici Gregis, de 08 de setembro de 1907, condenou com luxo de detalhes a conspiração dos heréticos modernistas, antecessores diretos dos atuais progressistas.
     A descrição feita pelo Santo Pontífice da conjuração modernista concorda admiravelmente com a ideia que o Beato Palau havia formado dessa sibilina estirpe de Iscariotes:
     “Os fautores do erro – ensina São Pio X – já não devem ser procurados entre os inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos quanto menos percebidos”.
     São Pio X denunciou a conspiração modernista, mas não teve tempo para extingui-la: “Aludimos, Veneráveis Irmãos, a muitos membros do laicato católico e também, coisa ainda mais para lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor à Igreja e sem nenhum sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas, embebidos antes das teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam, postergando todo o comedimento, de reformadores da mesma Igreja; e cerrando ousadamente fileiras se atiram sobre tudo o que há de mais santo na obra de Cristo, sem pouparem sequer a mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia sacrílega, rebaixam à craveira de um puro e simples homem”. (…)
     “Não se afastará, portanto, da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já fora, mas dentro da Igreja, tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que meneiam eles o machado”. (…)
     “(…) continuam a derramar o vírus por toda a árvore, de sorte que coisa alguma poupam da verdade católica, nenhuma verdade há que não intentem contaminar (…) com tal dissimulação que arrastam sem dificuldade ao erro qualquer incauto; e sendo ousados como os que mais o são, não há consequências de que se amedrontem e que não aceitem com obstinação e sem escrúpulos (…)
     “Acrescente-se-lhes ainda, coisa aptíssima para enganar o ânimo alheio, uma operosidade incansável, uma assídua e vigorosa aplicação a todo o ramo de estudos e, o mais das vezes, a fama de uma vida austera.
     “Finalmente, e é isto o que faz desvanecer toda esperança de cura, pelas suas mesmas doutrinas são formados numa escola de desprezo a toda autoridade e a todo freio; e, confiados em uma consciência falsa, persuadem-se de que é amor de verdade o que não passa de soberba e obstinação.” (São Pio X, Encíclica Pascendi Dominici Gregis).
  

 Fonte: Blog Aparição de La Salette

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