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Encontre o (a) Santo (a), Beato (a), Venerável ou Servo (a) de Deus

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Beato Diogo José de Cádiz, Presbítero Capuchinho e Missionário (dois textos biográficos)




Primeiro Texto

O Beato Diogo José de Cádiz nasceu em Cádiz, Espanha, a 30 de março de 1743. Filho de família nobre e ilustre ficou órfão de mãe aos nove anos. Pediu e foi admitido no noviciado dos Capuchinhos em Sevilha, a 30 de março de 1758. Ali fez sua profissão em 31 de março de 1759.
Depois de sete anos, durante os quais fez seus estudos de Filosofia e Teologia, recebeu a ordenação sacerdotal em Carmona. Atraído, por temperamento e vocação, para o apostolado ativo, trabalhou intensamente, com a palavra e com a escrita difusão da fé, em promover o entusiasmo religioso no meio do povo espanhol, lançando uma cruzada contra os revolucionários franceses de 1793 a 1795.
Desta sua luta, deixou como testemunho, o livro “El soldado católico en guerra de religión”, redigido em forma de carta ao sobrinho Antônio inscrito voluntariamente no exército. Difundiu eficazmente a devoção à Santíssima Trindade e a Nossa Senhora sob a invocação de Mãe do Divino Pastor.
Foi escolhido para consultor e teólogo em várias dioceses e constituíram- no cônego honorário em muitos cabidos de catedrais. Foi sócio de várias Universidades e Institutos de cultura. Mostrou-se modelo de capelão militar. Sua apurada educação clássica, seu bom senso intuitivo e a tradição franciscana salvaram-no do intelectualismo que predominava no seu tempo, mantendo-o na linha da pregação evangélica recomendada por São Francisco que, pelo fato de ser a mais simples, é também a mais sóbria e a mais eficaz.
Dotado por Deus de inteligência fora de série, converteu-se no grande apóstolo da Espanha que ele percorreu a pé, coberto com seu hábito e agarrado ao seu crucifixo. Dotado de amor ardente à Igreja, entregava-se longamente ao estudo da Sagrada Escritura para depois poder combater os erros do seu tempo em pregações ao povo e também à gente da cultura e das letras.
A oração, a penitência, a austeridade tornaram fecunda sua admirável vida tão ativa e enriquecida também com milagres. O Senhor chamou-o, em Ronda, junto a Málaga, a 24 de março de 1801, com 58 anos de idade, depois de 32 anos de intensa atividade missionária. Deixou-nos, além de três mil sermões já mencionados, numerosos escritos, entre os quais, preciosas cartas espirituais. Foi sepultado no santuário de Nossa Senhora da Paz, em Ronda, onde faleceu. O Papa Leão XIII, a 1º de abril de 1894, beatificou-o na Basílica de São Pedro, em Roma.




Segundo Texto

Nasceu em Cádiz a 30 de março de 1743, filho de José Lopes Caamaño, galego e de Garcia Pérez, andaluza. Viveu a sua meninice em Ubrique, onde estudou as primeiras letras, passando logo ao colégio dos dominicanos de Ronda para iniciar o curso de humanidades e filosofia, onde não teve grandes êxitos escolares. Aos quinze anos solicitou a entrada na Ordem aos capuchinhos de Ubrique. O seu pedido foi aceito. Vestiu o hábito em Sevilha no dia 12 de novembro de 1757, recebendo o nome de frei Diogo José de Cádiz.
Durante o noviciado deu mostras de grande fervor que diminui durantes os estudos de filosofia. Ao começar o segundo curso de teologia, deu-se nele uma rápida transformação espiritual. Por obra da graça, impôs-se a sim mesmo um método de vida de grande perfeição, patente na sua extraordinária vida interior. Foi ordenado sacerdote em Carmona (Sevilha). Pouco depois foi destinado a Ubrique onde começou a pregar os primeiros sermões, dirigidos especialmente à reforma dos costumes, à reconciliação dos inimigos e a combater aos erros do seu tempo. Estava convencido da sua missão apostólica providencial, servindo-se de duas armas eficazes: uma vida santa e uma sólida e ampla formação intelectual. Considera como fundamento e bases de todo o seu apostolado, o estudo, a oração e a penitência.
A partir de 1771 dedica-se por completo às missões populares. A primeira foi em Estepona (Málaga), seguindo-se outras em Castela, Madri, Navarra, Aragão, Catalunha, Valencia e Murcia. Era reclamado por toda a Espanha. A sua reputação de homem de Deus e varão apostólico estendeu-se por toda a geografia espanhola. As suas pregações eram acompanhadas de forte comoção popular trazendo consigo uma profunda renovação da vida religiosa e moral, com repercussões na vida pública. Muitas vezes teve de pregar nas praças públicas, devido grandes multidões que não cabiam nas igrejas. No dizer de Menéndez y Playo, Frei Diogo é a figura mais representativa da oratória religiosa espanhola depois de São Vicente Ferrer e de São João de Ávila: “desde então para cá, não ressoou palavra eloquente e inflamada dentro das fronteiras de Espanha” (Heterodoxos españoles II, 711).
Em 1782 pregou em Toledo, Ocaña e Aranjues, privando com o rei Carlos III e a corte, onde passou a ser estimado e venerado. Até 1795 calcorreou praticamente todo o território espanhol. Percorreu a pé 52.000 quilômetros e deixou-nos mais de três mil sermões e muitas cartas espirituais, realizando o seu desejo de ser “capuchinho, missionário e santo”.
Os últimos anos, de 1795 a 1801, foram passados em Andaluzia, sempre ocupado em trabalhos apostólicos e missionários. Fomentou com eficácia a devoção à SS. Trindade e a Maria com Mãe do Divino Pastor. Como eminente teólogo, foi eleito consultor de várias dioceses, cônego honorário em muitos cabidos de catedrais, sócio de universidades e institutos culturais, além de eficiente e ativo capelão militar.
Morreu a 24 de março de 1801 em Ronda (Málaga), onde costumava passar largas temporadas na cura de almas, em casa de alguns amigos que lhe prepararam um quarto e capela, em frente da igreja da Virgem da Paz, padroeira de Ronda, de quem frei Diogo era fervoroso devoto. A sua morte causou grande consternação em Espanha e foi anunciada até no Boletim Oficial do Estado a 26 de maio desse ano.

A mensagem de frei Diogo produziu abundantes frutos espirituais na sociedade espanhola do século XVIII, então em grandes convulsões sociais. Apesar das mudanças políticas que agitaram o país nos anos posteriores à sua morte, logo se iniciou o processo de beatificação. Leão XIII beatificou-o em 22 de abril de 1894.


Oração
Senhor, que concedestes ao Beato Diogo José de Cádiz a sabedoria dos santos, e fizestes dele guia e modelo para o seu povo, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de sabermos discernir o que é bom e justo, a fim de anunciarmos a todos os homens a riqueza insondável da verdade que é Cristo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

PRIMEIROS SANTOS MÁRTIRES DA IGREJA DE ROMA (anos 64 a 67 d.C.)


São recordados conjuntamente, neste dia, os inúmeros cristãos que sofreram o martírio em Roma, acusados injustamente pelo imperador Nero de terem incendiado a cidade.
Para o último dia de junho, a Igreja reservou a veneração dos PRIMEIROS MÁRTIRES DE ROMA. Antigamente era a festa litúrgica de São Paulo. Foram vítimas do orgulho do imperador Nero. Revestidos de peles de animais, eram lançados aos cães ferozes, crucificados ou queimados vivos, como tochas, à noite, nos jardins do imperador.

Santos Mártires de Roma: multidões de fiéis, homens, mulheres, idosos, jovens e crianças que foram lançados
às feras, crucificados ou queimados vivos, devido ao ódio e maldade do imperador Nero. 

Certo dia, um pavoroso incêndio reduziu Roma a cinzas. Em 19 de julho de 64, a poderosa capital virou escombros e o imperador Nero, considerado um déspota imoral e louco por alguns historiadores, viu-se acusado de ter sido o causador do sinistro. Para defender-se, acusou os cristãos, fazendo brotar um ódio contra os seguidores da fé que se espalharia pelos anos seguintes.

Nero aproveitou-se das calúnias que já cercavam a pequena e pouco conhecida comunidade hebraica que habitava Roma, formada por pacíficos cristãos. Na cabeça do povo já havia, também, contra eles, o fato de recusarem-se a participar do culto aos deuses pagãos. Aproveitando-se do desconhecimento geral sobre a religião, Nero culpou os cristãos e ordenou o massacre de todos eles.

Os cristãos eram lançados às feras (leões, tigres, leopardos, hienas, lobos ou cães ferozes famintos) ou queimados
vivos para "deleite" da platéia sedenta de sangue


Há registros de um sadismo feroz e inaceitável, que fez com que o povo romano, até então liberal com relação às outras religiões, passasse a repudiar violentamente os cristãos. Houve execuções de todo tipo e forma e algumas cenas sanguinárias estimulavam os mais terríveis sentimentos humanos, provocando implacável perseguição.


Alguns adultos foram embebidos em piche e transformados em tochas humanas usadas para iluminar os jardins da colina Oppio. Em outro episódio revoltante, crianças e mulheres foram vestidas com peles de animais e jogadas no circo às feras, para serem destroçadas e devoradas por elas.

Santos Mártires cristãos sendo trucidados pelas feras e cujas almas são recebidas pelos Anjos do Senhor



Desse modo, a crueldade se estendeu de 64 até 67, chegando a um exagero tão grande que acabou incutindo no povo um sentimento de piedade. Não havia justificativa, nem mesmo alegando razões de Estado, para tal procedimento. O ódio acabou se transformando em solidariedade.

Os apóstolos são Pedro e são Paulo foram duas das mais famosas vítimas do imperador tocador de lira, por isso a celebração dos mártires de Nero foi marcada para um dia após a data que lembra o martírio de ambos.

Porém, como bem nos lembrou o papa Clemente, o dia de hoje é a festa de todos os mártires, que com o seu sangue sedimentaram a gloriosa Igreja Católica Apostólica Romana.


Oração (coleta):

Senhor nosso Deus, que consagrastes pelo sangue dos mártires os grandiosos princípios da Igreja de Roma, fazei que a sua coragem no combate nos alcance uma força invencível e a alegria da vitória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Exéquias e sepultamento de Santos Mártires nas catacumbas romanas

sábado, 28 de junho de 2014

Santa Bartolomea Capitanio e Santa Vicência Gerosa, Virgens e Fundadoras (Instituto da Irmãs da Caridade de Maria Menina)

Santa Bartolomea Capitanio, Virgem e Fundadora 

     Bartolomea Capitanio nasceu em Lovere, Bérgamo, na região da Lombardia no norte da Itália, no dia 13 de janeiro de 1807, filha de Modesto e de Catarina Canossi.
     Desde menina, Santa Bartolomea se mostrou precoce e esperta, e com grande interesse por ensinar. Com todo seu afã por aprender, aos 11 anos ingressou no Mosteiro das Clarissas de Lovere, e em 1822 obteve o diploma de educadora. Naquele educandário, graças à direção de uma superiora culta e piedosa, Irmã Francisca Parpani, Bartolomea fez grandes progressos nos estudos e na via da perfeição. Dois anos depois voltou para casa, onde abriu uma pequena escola para meninas pobres.
     Rica de dons e naturalmente expansiva, Bartolomea não tardou a voltar sua atenção para outro campo de apostolado: a juventude feminina, na qual as ideias péssimas da Revolução Francesa tinham deixado sinais de ruína e falta de orientação moral.
     Devido sua atividade pedagógica manteve contato com outra pessoa também original de Lovere, e que como ela atingiria a santidade. De fato, Santa Bartolomea Capitanio entrou em contato com Santa Vicência Gerosa (1784-1847) (28 de junho), a qual seria sua amiga, companheira e com quem executaria seus planos. Em 1829, Santa Bartolomea começou a trabalhar como diretora no hospital para pobres que tinha sido fundado pelas irmãs Gerosa na mesma cidade de Lovere.
     Durante os exercícios espirituais feitos em Sellere, em 1829, Bartolomea escreveu a Regra de uma nova Instituição, para a qual havia conquistado a adesão de Vicência Gerosa. Quando estas duas amigas se conhecem mais intimamente e trocam ideias, ambas contemplam a grandiosa possibilidade de trabalharem juntas pela juventude, principalmente pelas jovens.
     Assim, fundam a Congregação das Irmãs de Maria Menina, em 1832, instalando-se em um antigo edifício abandonado que tinha o nome de Casa Gaya, e que as pessoas começaram a chamar "o Conventinho".
     Após terem feito os votos solenes de pobreza, obediência e caridade, ofereceram a si mesmas ao serviço dos pobres. Na nova casa se concentraram as obras já iniciadas por Bartolomea: a escola gratuita para as filhas do povo, o orfanato com dez alunas, as reuniões festivas, as pias uniões e a assistência a quantos buscassem ajuda moral e material.
     Em 22 de junho de 1833, Bartolomea e Vicência apresentam o Capítulo Jurídico em catorze artigos, declarando unir-se em sociedade legal, que foi reconhecida pelo governo austríaco (a região então fora anexada a Áustria).
     A obra de ambas foi crescendo com uma rapidez assombrosa, acolhendo cada vez mais discípulas. Entretanto, Bartolomea somente pode dedicar-se à sua fundação por pouco tempo: no dia 26 de julho de 1833, a morte interrompia sua existência breve de anos, mas rica de obras.
     Santa Bartolomea Capitanio destacou-se na perfeição do serviço ao próximo. Foi canonizada junto com Santa Vicência Gerosa em 1950 pelo Papa Pio XII.
     Com a morte de Bartolomea o Instituto parecia que iria naufragar, mas foi se desenvolvendo lentamente, e sem interrupção. Em 21 de novembro de 1835 teve lugar a vestição solene das primeiras Irmãs e a eleição de Vicência Gerosa como superiora. Em 21 de maio de 1837 fundou-se o orfanato de Santa Clara em Bérgamo; em 29 de junho de 1840 o Instituto recebeu a aprovação da Santa Sé e em fevereiro de 1841 a aprovação definitiva da Corte de Viena. Em 12 de março de 1842 foi criada a primeira fundação em Milão; em 07 de fevereiro de 1860 as quatro primeiras Irmãs missionárias partiram para a Índia (Bengala), chamadas por Mons. Marinoni. As Irmãs de Maria Menina são hoje cerca de dez mil, compreendendo setecentas casas.




Martirológio Romano: Em Lovere, da Lombardía, Santa Bartolomea Capitanio, virgem, fundadora junto com Santa Vicência Gerosa do Instituto das Irmãs da Caridade de Maria Menina. Morreu aos vinte e sete anos, atacada pela tuberculose, ou, melhor, consumida por sua caridade (1833).


Santa Vicência Gerosa, Virgem e Co-Fundadora 


        Ela jamais havia pensado em tornar-se uma ‘fundadora’. O seu horizonte era Lovere, cidade do norte da Itália sujeita à República de Veneza. A empresa comercial que geriam garantia aos Gerosa uma vida abastada.
     Santa Vicência nasceu em 29 de outubro de 1784 e foi batizada com o nome de Catarina; começou a estudar nas Beneditinas de Gandino, em Val Seriana, mas a saúde frágil a impediu de continuar e teve que voltar para Lovere.
     A sua vida é constelada de projetos que as circunstâncias revolvem continuamente.
     Reservada e tímida, durante um período viveu contente atrás do balcão do pequeno comércio da família. Mas, sob o ciclone napoleônico os negócios entram em crise, enquanto Lovere passava do domínio veneziano ao francês na República Cisalpina.
     A crise econômica levou à morte seu pai, depois sua irmã Francisca e por último, em 1814, também sua mãe. Apesar da tragédia pessoal, com ânimo e fé inabalável ela aceitou tudo com resignação. Confiante em Deus sofreu no silêncio do seu coração, encontrando forças na oração e na penitência.
     Quando Napoleão caiu, Lovere passou para o domínio do Império dos Habsburg. Naquele período, Catarina se dedicou ao ensino gratuito para jovens pobres, a atividade de assistência e de formação religiosa, encorajada por dois párocos sucessivos. Este empenho local lhe bastava, porque se revelava muito rico de estímulos e de desafios. E eis que surge outro projeto que mudou o curso de sua existência.
     Em 1824, iniciou uma amizade com Bartolomea Capitanio, jovem professora de 17 anos, nascida também em Lovere. Desde menina Bartolomea pensava em dedicar-se a praticar a caridade junto aos pobres e aos doentes. Por isso se diplomou professora no colégio das Clarissas de sua cidade natal.
     O encontro levou Catarina para uma nova aventura: criar um hospital. O que as duas conseguiriam alguns anos depois. Com os bens herdados da família Gerosa, Catarina teria possibilidade de fazê-lo, mas era necessário terem pessoal preparado para a assistência hospitalar.
     Bartolomea tem um projeto bem claro: fundar um instituto religioso com os objetivos de dar assistência aos doentes, dar instrução gratuita às jovens, criar um orfanato, dar assistência à juventude. E convence a amiga. De maneira que no outono de 1837 o instituto nasceu e foi chamado de Instituto das Irmãs de Maria Menina, com sede em Lovere, e com as regras escritas por Bartolomea. Para evitar objeções de caráter político, o instituto foi fundado autônomo. E assim independente ele permaneceu, cresceu e se difundiu nos anos subsequentes.
     Último e tremendo impacto: Bartolomea Capitanio morre no dia 26 de julho de 1833, com apenas 26 anos. Caterina Gerosa fica sozinha, tem pouca instrução, se sente quase velha, desejaria deixar tudo... Mas, ao contrário, permanece, não renuncia.
     Decidida, Catarina acolheu as primeiras jovens e por sete anos a pequena comunidade seguiu a regra das Irmãs de Santa Maria Antida Thouret, até que em 1840 chegava o reconhecimento pontifício, e as Irmãs de Maria Menina tomam vida canonicamente com as regras escritas por Bartolomea Capitanio e com a direção de Caterina Gerosa, que emite os votos assumindo o nome de Irmã Vicência.
     Já em 1842, embora fossem ainda poucas, chamam-nas a Milão. O Arcebispo Cardeal Gaysruk (da alta aristocracia austríaca) desejava fazer uma instituição diocesana. Mas Irmã Vicência resiste: elas nasceram em Lovere e Lovere deve ser a sua casa, com as suas regras.
     Quando Santa Vicência morreu, depois de uma longa doença, em 28 de junho de 1847, as Irmãs eram somente 171. No início do terceiro milênio são cerca de 5.200 religiosas.
     Santa Vicência foi sepultada ao lado da cofundadora no santuário da Casa-mãe em Lovere. Atualmente o Instituto das Irmãs da Caridade das Santas Bartolomea Capitanio e Vicência Gerosa, ou Irmãs de Maria Menina, atua em toda a Europa, África, Ásia e nas Américas.
     Santa Vicência Gerosa é celebrada no dia de sua morte e foi canonizada por Pio XII no Ano Santo de 1950, junto com Santa Bartolomea Capitanio.





Santas Bartolomea Capitanio e Vicência Gerosa, Virgem e Fundadoras
(painel da canonização das santas)

Beata Maria Pia Mastena, Virgem e Fundadora


Beata Maria Pia Mastena
MARIA PIA MASTENA nasceu em Bovolone, na província de Verona, Itália, aos 7 de dezembro de 1881.

Dos pais da beata as testemunhas falam como de ótimos cristãos e muito fervorosos na prática religiosa e no exercício da caridade. Dos quatro irmãos, o último, Tarcísio, entrou na Ordem dos Frades Capuchinhos e morreu também ele com fama de santidade.

A futura beata, com apenas 10 anos de idade, em 19 de março de 1891, recebeu com grande fervor a primeira comunhão, por ocasião da qual emitiu privadamente o voto de castidade. Em 29 de agosto recebeu o sacramento da Confirmação. Durante a adolescência foi assídua às funções religiosas e às atividades da paróquia, particularmente como catequista.


Logo nela se fez sentir o chamado à vida religiosa, perseguindo o seu ideal marcado por uma forte devoção eucarística e à Sagrada Face. Pediu para entrar no convento na idade de 14 anos, mas foi aceita somente em 1901, como postulante, no Instituto das Irmãs da Misericórdia, de Verona.

Com a licença dos Superiores, aos 11 de abril de 1903, no mesmo dia no qual — sem que o soubesse — partia para o Céu a mística de Lucca, santa Gemma Galgani, fez pessoalmente “voto privado de vítima”.

Vestiu o hábito religioso aos 29 de setembro de 1902, e aos 24 de outubro de 1903 emitiu os votos religiosos e foi-lhe imposto o nome de Ir. Passitea do Menino Jesus. A Beata viveu com generosa intensidade espiritual esta primeira etapa de vida religiosa e lembrar-se- á sempre dela como um tempo de graça e de bênção e sempre falará com estima e reconhecimento dos superiores e das coirmãs do Instituto das Irmãs da Misericórdia. O fervor encontrado neste Instituto levá-la-á a fazer em seguida o voto de buscar em tudo a coisa mais perfeita.

Desenvolveu a tarefa de professora em diversos lugares do Veneto, e por 19 anos transcorreu-os em Miane, dedicando-se também a um intenso apostolado entre os alunos de todas as idades, doentes e inábeis.

Com a autorização dos seus Superiores e a permissão da Santa Sé, entrou, aos 15 de abril de 1927, no mosteiro Cisterciense de San Giacomo de Veglia, para secundar o seu anelo contemplativo.


Aos 15 de novembro de 1927, encorajada pelo Bispo de Vittorio Veneto, saiu do Mosteiro, retomou o ensino e passou à instituição de uma nova Congregação denominada Religiosas da Sagrada Face. Ereta canonicamente aos 08 de dezembro de 1936, depois de tantos sofrimentos, foi reconhecida como Congregação de Direito Pontifício aos 10 de dezembro de 1947.

Toda a sua atividade seguinte foi dedicada à consolidação e à expansão da Congregação, promovendo novas iniciativas para os pobres, sofredores e doentes, confiando ao Instituto o carisma de “propagar, reparar, restabelecer a imagem do doce Jesus nas almas”. 
Morreu em Roma, aos 28 de junho de 1951.





Homilia do cardeal José Saraiva Martins na missa de beatificação.

“Tudo o que somos e tudo o que possuímos, devemos empenhá-lo e pô-lo ao serviço do Senhor e do nosso próximo, numa palavra, devemos fazer com que se torne caridade!” “Por este motivo Jesus louva os dois homens que souberam fazer frutificar os talentos recebidos: foi precisamente isto que fizeram os santos, na lógica divina do amor e da doação total de si”.
“A vida do cristão é verdadeiramente uma longa vigília, um tempo de espera do Senhor. Mas nós, como recorda o Apóstolo, somos "todos filhos da luz" (Ts 5, 5) porque mediante o Batismo somos inseridos em Cristo, Luz do mundo. Luz bem visível e iluminadora foi a que fez brilhar a Beata Maria Pia Mastena, a qual viveu a sua condição de religiosa, na busca contínua de levar ao rosto dos irmãos, o esplendor da Sagrada Face, por ela tão amada.” “O rosto do homem, sobretudo quando é deturpado pelo pecado e pelas misérias deste mundo, só poderá resplandecer quando for conforme ao de Cristo, martirizado na Cruz e transfigurado pela glória do Pai. Madre Mastena sentiu a forte tensão missionária de "levar o Rosto de Jesus aos homens de todo o mundo, aos lugares mais pobres e abandonados".

 “Olhando para a santidade da Beata Madre Mastena é legítimo reconhecer nela uma grande artista que soube imprimir em si mesma a Imagem de Cristo, assumindo, mediante a prática de tantas virtudes, o "Rosto dos rostos", o Rosto mais belo que possa haver entre os filhos dos homens.” “Ela conseguiu fazer transparecer, pelas suas características pessoais, o Rosto do Senhor nas expressões da misericórdia, da caridade, do perdão, do serviço a tempo inteiro às pessoas mais necessitadas.” Com grandes sacrifícios, dificuldades, fé e tenacidade, em 1936, a Beata Mastena fundou a Congregação das Religiosas da Sagrada Face, transmitindo às suas irmãs de hábito o seu projeto de vida, que em síntese definia: "propagar, reparar, restabelecer a Face de Cristo nos irmãos". Assim explicava, com poucas palavras mas intensas, às jovens Irmãs, o carisma das religiosas da Sagrada Face: "Quando um irmão está triste e sofre é nossa tarefa fazer com que o sorriso volte ao seu rosto... Esta é a nossa missão: fazer sorrir o rosto do doce Jesus no rosto do irmão!".


 Num mundo de pessoas distraídas em relação às coisas eternas é atual como nunca o exemplo esplendoroso da Beata Madre Mastena de cujo rosto transparecia, como filigrana, o rosto sorridente de Cristo. Toda a pessoa da Madre Maria Pia estava repleta da presença de Cristo Crucificado e Ressuscitado, de maneira evidentemente superabundante, a ponto de a estimular a servi-lo nos pobres de todos os gêneros e a identificar-se na Eucaristia celebrada e adorada. "Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel no pouco, muito te confiarei. Entra na alegria do teu senhor" (Mt25, 21).


quinta-feira, 26 de junho de 2014

Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado, Virgem Carmelita Descalça - memória em 26 de junho (três textos)







Josefina Catanea nasceu no dia 18 de fevereiro de 1894, em Nápoles, no seio da nobre família dos marqueses Grimaldi. Desde pequena mostrou uma predileção particular pelos pobres e os mais necessitados, destinando-lhes o dinheiro que lhe davam para brinquedos ou merendas, e ajudando a duas velhinhas que viviam sozinhas.
     O exemplo de sua avó e de sua mãe foi a escola onde aprendeu a conhecer Jesus e a se enamorar dEle. Tinha uma devoção particular pela Eucaristia e pela Virgem Maria, o que demonstrava rezando o Rosário.
     Depois de terminados os estudos, em 10 de março de 1918, superando a oposição de sua mãe e de seus familiares, ingressou no Carmelo de Santa Maria, em "Ponti Rossi", lugar assim chamado porque ali se encontravam as ruínas de um aqueduto romano.
     No Carmelo aprendeu a amar a Cristo em meio ao sofrimento, oferecendo-se como vítima pelos sacerdotes. Soube aceitar a vontade de Deus, embora isto significasse grande dor física: se viu afetada por uma forma grave de tuberculose na espinha dorsal, com dores nas vértebras, que a paralisou completamente. Em 26 de junho de 1922 foi curada milagrosamente, de forma instantânea, depois do contato com a relíquia (braço) de São Francisco Xavier, que lhe levaram até sua cela.
     A "monja santa", como a chamava o povo, iniciou um grande apostolado principalmente no locutório do convento, acolhendo a todo tipo de pessoas doentes e necessitadas de ajuda, tanto material como espiritual, às quais proporcionava consolo e conselho para encontrar o amor de Deus. Inclusive realizou milagres.
     Sua abnegação prosseguiu também quando foi acometida de outras enfermidades que a obrigaram a usar cadeiras de rodas, crucificando-se com Jesus pela Igreja e pelas almas.
     Em 1932 a Santa Sé reconheceu a casa de "Ponti Rossi" como convento da ordem segunda das Carmelitas Descalças, e Josefina Catanea recebeu o hábito de Santa Teresa de forma oficial, tomando o nome de Maria Josefina de Jesus Crucificado. Em 6 de agosto desse mesmo ano fez a profissão solene segundo a Regra carmelitana, que já vivia desde 1918.
     Em 1934 o Cardeal Alessio Ascalesi, arcebispo de Nápoles, a nomeou sub-priora; em 1945, vigária; e em 29 de setembro desse ano, no primeiro capítulo geral, foi eleita priora, cargo que desempenhou até sua morte.
     Sua espiritualidade, sua docilidade amorosa, sua humildade e simplicidade, lhe granjearam grande estima durante os anos da II Guerra Mundial. Rezava sem cessar, alimentando assim sua confiança em Deus, com a qual contagiava a todos os que se dirigiam em peregrinação a "Ponti Rossi" para escutar suas palavras de alento, consolo e estímulo para superar as provas e as dores das tristes situações resultantes da guerra.
     No dia de sua tomada de hábito dissera: "Eu me ofereci a Jesus Crucificado para ser crucificada com Ele", e o Senhor aceitou sua oferta. Compartilhou os sofrimentos de Cristo de forma silenciosa, porém alegre. Suportou durante muitos anos duras provas e perseguições com espírito de abandono à vontade de Deus. Também gozou de carismas místicos extraordinários.
      Por obediência e por conselho de seu diretor espiritual, escreve sua "Autobiografia" (1894-1932) e seu "Diário" (1925-1945), bem como numerosas cartas e exortações para as religiosas.
     A partir de 1943 começou a sofrer várias enfermidades especialmente dolorosas, que incluíram a perda progressiva da visão. Convencida de que essas enfermidades eram vontade de Deus, as acolhia como "um dom magnífico" que a unia cada vez mais a Jesus Crucificado. Com um sorriso nos lábios, ofereceu seu corpo como altar de seu sacrifício pelas almas. Morreu no dia 14 de março de 1948 em sua cidade natal.
     Foi beatificada na Catedral de Nápoles pelo Cardeal Crescenzio Sepe em 1º de junho de 2008. A sua memória litúrgica é celebrada em 26 de junho.

(Reproduzido de vatican.va)



Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado
Texto do Frei Alzenir Debastiani, OCD, Delegado Geral para a OCDS

Josefina Catanea nasceu em Nápoles dia 18 de Fevereiro de 1894. De família da burguesia napolitana, teve infância alegre e assim também a juventude. Após vencer o obstáculo do apego ao afeto materno, entra no Carmelo S. Teresa e S. José – Ponti Rossi, Nápoles. Por cinco anos (1818-1923) passa por muitas doenças que a deixam à beira da morte; é curada após o contato com a relíquia do braço de São Francisco Xavier.
Após este fato, inicia um novo período em sua vida, cheio de graças e dons do Espírito Santo, tais como o conhecimento dos corações, dom de conselho, profecia, que por obediência coloca a serviço dos

outros nos anos difíceis da II Guerra mundial. Acorriam a ela pessoas de todas as classes sociais, desde bispos, sacerdotes e religiosos, ou mesmo de outras profissões civis para escutar suas palavras de sabedoria e impulso, que doam a paz em meio aos sofrimentos ou preocupações que os atormentavam.
Não obstante, permanece sempre muito simples e pratica as virtudes, a oração. Vive na contemplação dos mistérios de Deus, no amor à Eucaristia e a Nossa Senhora, bem como um grande amor pelo sofrimento que a une a Jesus Crucificado. Escreve: “… os sofrimentos de um Deus feito Homem encorajam-me a sofrer em paz e o meu sofrer torna-se doçura, e em tal doçura a minha alma se eleva e deseja sempre mais sofrer”; “amo a cruz porque é o leito de dor de Cristo”.
Sua espiritualidade caracteriza-se pela constante busca de cumprir a vontade de Deus: “somente a glória de Deus” é uma de suas frases quotidianas. Também há um profundo amor por Deus: “Quero amar a Deus com os ardores de seu Espírito, com a ardente unção de seu amor, amá-lo até viver para Ele somente e não fazer nada, ser uma mesma coisa com Ele. Uma a vontade, um o desejo, um o espírito”.  
Há também um amor verdadeiro pelos outros: “O meu coração parece dilatar-se, alargar-se; entram nele as almas todas e todas quero salvá-las. Jesus faz-se sentir no meu coração e coloca nele a semente da caridade. Sinto um maternal afeto que defino caridade, pois é Deus mesmo quem dá a mim e é dulcíssima”.
Em 1945 foi eleita priora do Mosteiro e desempenha o cargo com caridade fraterna, impulsionando as irmãs à prática das virtudes e às vias de Deus.  Falece dia 14 de Março de 1948 e foi beatificada dia 1º de Junho de 2008. Seu corpo conservou-se incorrupto até os dias atuais. 
 Definiu sua missão como “ser um anel de união entre Deus e a humanidade sofredora”.


Oração

Ó Pai que adornaste a vida da beata Maria Josefina de Jesus Crucificado com as dores da Paixão de teu Filho e a transfiguraste com os dons do teu Espírito, tornando-a “anel de união entre Ele e a humanidade sofredora”, concede-nos, te pedimos que ela interceda por luzes em nosso caminho de fé, sustento nas dificuldades da vida e intercessão nas graças que necessitamos e com confiança imploramos. Por Cristo nosso Senhor. Amém. 

(Texto enviado por Frei Alzenir Debastiani, ocd, Delegado Geral para a OCDS) 



Texto complementar sobre as virtudes da Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado


Monja Carmelita Descalça

Josefina, como a irmã Antonietta e as outras jovens que viviam sobre a colina de S. Maria ai Monti, junto aos Ponti Rossi, sempre se sentiram Carmelitas Descalças, mas eram também conscientes que, depois de tantos anos de experiência Teresiana, faltava ainda a aprovação oficial por parte da Ordem dos Carmelitas Descalços e por parte da Igreja.
Josefina vai a Roma e encontra pessoalmente o Cardeal Rossi, carmelita Descalço, o P. Guglielmo, Geral da Ordem, e o Prefeito da Congregação dos Religiosos, o Cardeal Lépicier. A eles apresenta a situação da comunidade e o vivo desejo de ser confirmada entre as Carmelitas Descalças.
Após três meses, no dia 7 de Dezembro de 1932, o Papa Pio XI aprova a fundação do Carmelo em Ponti Rossi, Nápoles, como mosteiro de Carmelitas Descalças.
No dia 30 de Janeiro onze terciárias recebem o hábito e iniciam o noviciado. Josefina tem então 39 anos. No dia 6 de Agosto de 1933 Josefina Catanea torna-se, com a primeira profissão, Irmã Josefina de Jesus Crucificado. A Jesus, naquele dia solene e íntimo, pede uma graça: “Que eu não seja jamais privada do dom preciosíssimo do sofrer”.
Jesus a contentou e a configurou a si até o último instante da sua vida. Ir. Maria Josefina, consciente de ter sido escutada, escreve alguns anos mais tarde: “Quando penso que Jesus me colocou com Ele sobre a Cruz, sinto em mim uma maternidade espiritual, uma ternura pelas almas, uma alegria grande, profunda que não sei dizer”.
Ir. Maria Josefina, a este ponto, tem um só medo: não amar o Amor. Por isto quer convergir tudo sobre Jesus, vive uma concentração cristológica, um esponsal elevado ao máximo. Escreve: “Fazer-me crucificar com Jesus para morrer com Ele, para ressurgir com Ele”. Aqui encontramos a síntese pascal da sua existência, o seu percurso espiritual. Anota em um outro escrito: “Ó Jesus, absorve-me em ti, aprofunda-te em mim, transforma-me em Ti, faz que eu viva só de Ti”. Como Santa Teresa de Jesus, Ir. Maria Josefina está dizendo, ao seu modo, a partir da sua experiência: “Só Deus basta”.


A devoção a Maria

A devoção de Ir. Maria Josefina à Virgem é grande. Ela explica assim àqueles que se admiram da sua familiaridade com Ela: “Sinto na alma a ternura que a Ssma. Virgem tem pelas almas”. Tem clara a consciência que Maria de Nazaré opera na sua  vida e na vida daqueles que encontra no Carmelo, escreve: “Quero a completa transformação do meu espírito n’Ele”.
Ir. Maria Josefina, na escola do Carmelo, aprendeu que a verdadeira devoção a Maria é toda interior, que a verdadeira imitação começa nos espaços interiores da Virgem, que é preciso habitá-la dentro, olhá-la dentro para poder verdadeiramente imitá-la. Assim, o verdadeiro devoto de Maria transforma-se “mariforme” e se reencontra, ao mesmo tempo, por graça, sempre mais cristificado. Escreve sobre este aspecto: “Maria, nenhum outro, deve unir a nossa alma a Deus bendito, com união íntima de adesão ao divino querer”.
                                       

O amor aos sacerdotes

Não existe Carmelita Descalça que não nutra um amor grande aos sacerdotes, um amor que nasce da dimensão teologal e encontra fundamento na comunhão dos santos, naquele eclesiologia de comunhão que leva a viver a Igreja como “corpo”, com sentido de corresponsabilidade e de companhia.
Ir. Maria Josefina, desde o início da sua missão, vê os sacerdotes como os “prediletos”; para eles oferece a sua vida de contemplativa, com eles vive a missão de mãe. Recebe-os no Carmelo com extrema delicadeza e amor, a eles dedica tempo e atenção, reza com eles e por eles oferece a si mesma, faz brilhar, em cada encontro, a sua altíssima e belíssima vocação.


A beleza de uma vida vivida às últimas consequências.

Os últimos meses da vida de Ir. Maria Josefina são assinalados pelo sofrimento e pela presença do Amado Senhor: “Sofro muitíssimo, mas sou feliz”.
No dia 14 de Março de 1948, frei Romualdo lhe dá a santa comunhão. À tarde chega ao mosteiro o Cardeal Ascalesi que a abençoa e lhe dirige estas últimas palavras: “Se Deus te quer vai, minha filha, te deixo livre: faz a vontade de Deus”. Às 19:10h do dia 14 de março de 1948, domingo da Paixão, Ir. Maria Josefina contempla finalmente a radiante beleza do seu amado Senhor crucificado e ressuscitado, a beleza daquele que por toda a vida a foi configurando lentamente a si. Tinha 54 anos.
No dia 27 de Dezembro do mesmo ano o Card. Assalesi inicia em Nápoles o processo informativo.

No dia 3 de janeiro de 1987, o Papa São João Paulo II proclama a heroicidade com que viveu as virtudes. Foi beatificada em 2008 pelo Papa Bento XVI. 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Beata Albertina Berkenbrock, virgem e mártir da castidade e pureza - 15 de junho.



Sim! O Brasil tem suas "Marias Gorettis". Duas já foram beatificadas: beata Lindalva e beata Albertina (cuja biografia trago abaixo). Duas ainda são Servas de Deus: serva de Deus Isabel Cristina e serva de Deus Benigna (essa, inclusive, é do meu Estado, Ceará). 
   A virtude da pureza, hoje tão vilipendiada e até ridicularizada, é uma das virtudes mais queridas e valorizadas por Nosso Senhor e Nossa Senhora. A Igreja não poderia agir diferentemente deles. Desde o início, nos primeiros séculos do Cristianismo, as virgens consagradas ao Senhor, melhor dizendo, a virgindade consagrada ao Senhor teve sempre lugar de destaque. 
Jesus mesmo, em uma das "bem-aventuranças" disse: "bem aventurados os puros, pois, verão a Deus". Deus é a infinita pureza, a infinita santidade. Como alguém impuro poderá ver a Deus? Se até mesmo os espíritos angélicos, para o merecerem, tiveram que se esforçar e muito, como é que um (a) pecador (a) impenitente pode sequer supor que poderá fazê-lo? Impossível. 
   Deus é bondosíssimo e misericordiosíssimo, porém, não é injusto. Vê-lO face a face é o prêmio por excelência da eternidade no paraíso. Como pensar que poderemos vê-lO se na terra não nos esforçamos em fazer sua vontade? E uma de suas vontades mais insistentes é que conservemo-nos puros diante de seus olhos, cada um no estado de vida no qual está e ao qual foi chamado: como solteiro (a), casado (a), viúvo (a), sacerdote, religioso (a), leigo (a) consagrado (a), noivo (a) ou  namorado (a). 
   Todos nós cristãos católicos, quer sejamos leigos (as), clérigos ou religiosos,  temos que cumprir o sexto e nono mandamentos que respectivamente dizem: "Não pecarás contra a castidade" e "não desejarás a mulher/homem do (a) próximo (a)". Com esses mandamentos Deus condena o uso ou abuso desordenado da sexualidade humana, que foi criada por Deus para ser utilizada, e de forma harmoniosa e respeitosa, apenas no sacramento do matrimônio. Tudo que está fora daí é pecado grave: fornicação, adultério, masturbação, pornografia, imoralidades, falta de pudor, etc. 
   Por isso a Igreja considera como verdadeiro martírio pela fé quem, na defesa de sua pureza, virgindade e/ou castidade, deu a própria vida, testemunhando, assim, a firmeza de seus propósitos e a esperança que tem de um dia possuir os bens eternos, que não terão fim jamais. 
    Vamos à vida de nossa querida beata Albertina Berkenbrock. Coloquei a biografia completa que está em seu site oficial: http://www.beataalbertina.com. É um pouco longa, mas, vale a pena lermos e vermos a beleza que é sua vida e seu testemunho, levado à radicalidade do derramamento de sangue. 



Albertina Berkenbrock - conhecida pelo povo da Diocese de Tubarão como “a nossa Albertina” - nasceu no dia 11 de abril de 1919, na comunidade de São Luís, paróquia São Sebastião de Vargem do Cedro, município de Imaruí, Estado de Santa Catarina. Filha de um casal de agricultores, Henrique e Josefina Berkenbrock, teve mais oito irmãos e irmãs. Foi batizada no dia 25 de maio de 1919, crismada em 9 de março de 1925 e fez a primeira comunhão no dia 16 de agosto de 1928.

Aos 12 anos de idade, no dia 15 de junho de 1931, às 16 horas, Albertina foi assassinada porque quis preservar a sua pureza espiritual e corporal e defender a dignidade da mulher, por causa da fé e da fidelidade a Deus. E ela o fez, heroicamente, como verdadeira mártir.

O martírio e a consequente fama de santidade espalharam-se rapidamente de maneira clara e convincente. Afinal, ela foi uma menina de grande sensibilidade para com Deus e com as coisas de Deus, para com o próximo e com as coisas do próximo. Isso se depreende, com nitidez, de sua vida, vivida na simplicidade dos seus tenros anos.

Seus pais e familiares souberam educar Albertina na fé, no amor e na esperança, as virtudes teologais da religião cristã. Transmitiram-lhe, pela vida e pelo ensinamento, todas as verdades reveladas na Sagrada Escritura. E ela aprendeu a corresponder a tudo com grande generosidade de alma. Buscar em Deus inspiração e força para viver, tornou-se algo espontâneo. Rezava, pois, com alegria, seja sozinha, seja na família, seja na comunidade. Aprendeu a participar ativamente da vida religiosa, em todos os seus aspectos.
Quando chegou o tempo da catequese preparatória para os sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia, Albertina chamou a atenção pela forma como se preparou: com muita diligência e grandeza de coração.

A “primeira confissão” tornou-se porta aberta para se confessar frequentemente.

A “primeira comunhão” foi uma experiência única, a tal ponto que ela própria afirmou: - “Foi o dia mais belo de minha vida!”.

A partir de então, não deixou mais de participar da Eucaristia, tornando esse sacramento “fonte e cume de sua vida cristã”. Gostava de falar, na sua forma simples de expressar-se, do mistério eucarístico como experiência do amor de Deus, compreendendo que a Eucaristia é o memorial da morte e ressurreição de Jesus, ato supremo do amor redentor.

Albertina cultivou uma devoção muito filial a Nossa Senhora, venerando-a com carinho, tanto em casa como na capela da comunidade. Participou, com intensidade, da oração do rosário junto com os familiares. Na simplicidade de coração, recomendou, seguidamente, a Maria - Mãe de Jesus e Mãe da Igreja - a sua alma e a sua salvação eterna.

Ela deixou crescer dentro de si uma afinidade muito grande com o padroeiro da comunidade, São Luís. Uma coincidência providencial, esta devoção ao Santo, que é modelo de pureza espiritual e corporal. Certamente, preparando-a também para um dia defender com sua vida este grande valor.

A formação cristã, vivida e ensinada pela família, introjetou em Albertina virtudes humanas extraordinárias: a bondade, a acolhida, a meiguice, a docilidade, o serviço. Teve uma obediência responsável; foi incansável nas atividades de trabalho e estudo; teve espírito de sacrifício; soube ter paciência, confiança e coragem.

Essas virtudes humanas foram visíveis na convivência em casa, pois sempre ajudou os seus pais e irmãos; foram visíveis na comunidade, uma vez que sempre amou todas as pessoas, o que a tornou muito admirada; foram visíveis na escola, tendo em vista que sempre se aplicou aos estudos, sempre esteve ao lado dos colegas mais necessitados de ajuda e jamais revidou ataques de menosprezo dirigidos a ela.
Os relatos que existem sobre ela comprovam o que está se afirmando em relação às virtudes humanas. Senão, vejamos: “(...) ajudava os pais nos trabalhos da

casa e da roça (...) foi dócil, obediente, incansável, sacrificada, paciente (...) mesmo quando os irmãos a mortificavam, às vezes até lhe batiam, ela sofria em silêncio, unindo-se aos sofrimentos de Jesus que amava sinceramente”; “(...) gozava de grande estima na escolinha local, particularmente por parte do professor, que a elogiava por suas condições espirituais e morais superiores à sua idade, que a distinguiam entre os colegas de escola”; “(...) ela se aplicou ao estudo”; “(...) jamais faltou à modéstia”; “(...) foi uma menina boa, estimada por colegas e adultos”; “(...) às vezes, alguns meninos punham à prova a sua mansidão, modéstia, timidez e repugnância por certas faltas (...) Albertina então se calava (...) nunca se revoltou, menos ainda nunca se vingou, mesmo quando lhe batiam”; “(...) era uma pessoa cândida, simples, sem fingimentos”; “(...) sabia destacar sua beleza feminina vestindo-se com simplicidade e modéstia”.

Além dessas virtudes humanas, a formação cristã também modelou em Albertina as virtudes cristãs essenciais na medida em que, embora fosse uma menina de tenra idade, as entendeu e viveu: transpirando fé, amor e esperança no dia-a-dia; captando, de modo extraordinário, as verdades reveladas na Sagrada Escritura; tendo uma inclinação forte para as coisas de Deus e da religião; vivenciando com grandeza o mandamento do amor a Deus e ao próximo (cerne do cristianismo); santificando-se pela prática dos sacramentos recebidos do Batismo, da Reconciliação, da Eucaristia e da Crisma; valorizando a vida plena e a dignidade da mulher.

Essas virtudes cristãs foram visíveis no dia-a-dia de sua vida familiar e comunitária. Inúmeros relatos demonstram isso, como por exemplo: “(...) falava muitas vezes da Eucaristia e dizia que o dia de sua “primeira comunhão” fora o mais belo de sua vida”; “(...) recomendava a Maria sua alma e sua salvação eterna”; “(...) seus divertimentos refletiam seu apego à vida cristã (...) gostava de fazer cruzinhas de madeira, colocava-a em pequenas sepulturas, adornava-as com flores”; “(...) mesmo quando os irmãos a mortificavam, às vezes até lhe batiam (...) ela sofria em silêncio, unindo-se aos sofrimentos de Jesus que amava sinceramente”; “(...) o seu professor a elogiava por suas condições espirituais e morais superiores à sua idade que a distinguiam entre os colegas de escola”; “(...) aprendeu bem o catecismo, conheceu os mandamentos de Deus e seu significado”; “(...) se pensarmos na maneira como sacrificou sua vida, conforme declarou seu professor-catequista, ela tinha compreendido o sentido do sexto mandamento no que tange ao valor da castidade, da pureza espiritual e corporal”; “(...) sua caridade era grande (...) gostava de acompanhar as meninas mais pobres, de jogar com elas e dividir o pão que trazia de casa para comer no intervalo das aulas”; “(...) teve especial caridade com os filhos do seu assassino, que trabalhava na casa da família (...) muitas vezes Albertina deu de comer a ele e aos filhos pequenos, com os quais se entretinha alegremente, acariciando-os e carregando-os ao colo (...) isso é tanto mais digno de nota quanto Indalício era negro, sabendo-se que nas regiões de colonização europeia uma dose de racismo sempre esteve presente”.

Todas essas virtudes humanas e cristãs mostram que Albertina, apesar de sua pouca idade, foi uma pessoa impregnada da Trindade Santa. Correspondeu à vocação de santidade que recebeu no dia do batismo. Foi uma gigante de fé, de amor e de esperança. Viveu os valores do Evangelho de modo admirável.

Por todo o exposto, não há razão para estranhar a coragem e a fortaleza cristã manifestadas por Albertina no momento de seu martírio, a fim de defender a vida plena e a dignidade da mulher.

A Diocese de Tubarão e a Igreja do Brasil podem orgulhar-se em apresentar uma jovem como modelo de santidade para a juventude dos tempos de hoje e de sempre: a Bem-Aventurada ALBERTINA.


A sua Morte Histórica
 
Tudo corria normalmente até que chegou o dia 15 de junho de 1931.

Perdera-se um boi pelos pastos. Albertina o procura a pedido dos pais. Anda de cá para lá, olha, chama pelo "Pintado", mas nada! De longe, Maneco Palhoça, que rumina dentro de si o plano de conquistar a menina para seus intentos eróticos, acompanha-a com o olhar e estuda como se aproximar dela e fazer-lhe a proposta.

Albertina, apesar de seus 12 anos, aparentava mais idade e tinha um corpo já bastante desenvolvido. Era alta e forte, acostumada ao sol e aos trabalhos da roça. Tinha cabelos louros tendendo ao castanho, olhos verde-escuros. Era bonita, uma mocinha. Como não desejá-la?

Maneco andava armado de punhal. Jurara que haveria de usá-lo no dia da festa do padroeiro, 21 de junho. Acabaria com a vida de dois desafetos. Hoje, porém, não o traz à cintura. Carrega um canivete tão bem afiado que corta os cabelos do braço como uma navalha. Aquele punhal, era preciso escondê-lo por ser velho conhecido dos moradores de São Luís. Poderia denunciá-lo... Em vez do punhal usaria o canivete. Quem sabia da existência dele?...
Albertina procura o boi fugitivo. De repente vê ao longe alguns chifres e corre naquela direção. Mas eram outros bois, que estavam amarrados. Como surpresa, porém, encontra perto deles Maneco carregando feijão na carroça. À pergunta de Albertina pelo boi desaparecido, o homem lhe dá uma pista falsa para encaminhá-la ao lugar onde poderia satisfazer seus desejos sem chamar atenção.

Capelinha erguida no local onde Albertina foi martirizada



Maneco que já tinha violentado outra menina, disse naquela manhã: - Hoje tenho que matar alguém! Pensou: - Se Albertina não aceitar, vou usar o canivete...

Albertina seguiu a indicação de Maneco, embrenhou-se pela mata. Repentinamente percebe que os gravetos estalam, as folhas farfalham... Ela pensa ser o boi. Eis, porém, que, dá de cara com Maneco. Fica petrificada. Sozinha, no mato, com aquele homem na frente!

Ainda naquela manhã ela levara comida a seus filhos, como fazia sempre. Havia certa familiaridade entre Albertina e Maneco: ela o chamava de "Maneco preto", como todo mundo, sem que ele se ofendesse.

Chegara o momento supremo! Maneco lhe propõe seus intentos. Albertina, decidida, não aceita. Sabe o que é o pecado e o recusa peremptoriamente. Começa então a tentativa do assassino de se apossar de Albertina, mas ela não se deixa subjugar. A menina é forte. Aos pontapés, quase derruba o assassino. A luta é longa e terrível. Ela não cede. Derrubada, por fim, ao chão, agora está toda nas mãos do agressor. Ainda assim, defende-se, agarra seu vestido e se cobre o mais que pode.

Maneco, derrotado moralmente pela menina, vinga-se, agarra-a pelos cabelos e afunda o canivete no pescoço e a degola.

Está morta Albertina! Seu corpo está manchado de sangue... Sua pureza e virgindade, porém, estão intactas.


O Assassino
 
O assassino despista o crime. Esconde o canivete debaixo da carroça e cinicamente corre para avisar a família. Como, porém, explicar as manchas de sangue na roupa?

- É que encontrei Albertina ferida de morte e ao ampará-la me manchei de sangue... - dirá.

Todos correm ao lugar do crime, Maneco à frente. Diz uma testemunha: "Encontrei o cadáver de minha sobrinha, deitada de costas, morta, com a garganta completamente cortada, e as roupas todas ensanguentadas, uma perna encolhida e a outra estendida, estando, o local do crime e ao redor do cadáver, tudo ensanguentado. Vi ainda que o lenço de Albertina, que trazia amarrado na cabeça, estava a metro e meio de distância, preso a uma raiz. O chão estava revolvido, como sinal de ter havido luta. O pescoço tinha um grande talho, tendo já parado a hemorragia" (A.B.BRAUN, o.c., p.36).

Outra testemunha acrescenta: "Seu rosto estava sereno e calmo como em vida, parecia uma Imaculada Conceição."
- Maneco, quem matou Albertina? – perguntam ao assassino. Foi um homem moreno, de barbas pretas, com chapéu de palha dobrado na frente. - Para onde fugiu o assassino? - Foi por ali, não deve andar muito longe: é um homem que, de manhã, andou pela região à procura de serviço...

Convidado a ajudar a carregar o corpo, Maneco se desculpa alegando não poder ver cena tão trágica e vai embora.

A comunidade de São Luís se agita. Era preciso prender o assassino a todo custo. Apresentam-se 14 homens a cavalo com espingardas, facões e armas de todo tipo. Estão dispostos a tudo contanto que o assassino seja preso. Maneco, montado num burro, armado com o revólver do pai de Albertina, comanda a caçada. O passante acusado por Maneco tinha calças cáqui, facão à cintura, mala às costas, barba preta. Alguém o teria visto?

João Cândido ou João Candinho encontrou trabalho. Agora capina a roça de quem lhe deu serviço em Vargem do Cedro. Nem dá importância aos gritos do grupo de cavaleiros. Estes, porém, o cercam e prendem. João protesta, diz-se inocente, chora, mas é inútil. Maneco confirma: - Foi esse homem que matou Albertina!

Momento no qual Candinho jura sua inocência diante do
corpo da beata Albertina. 
João foi amarrado e arrastado pelas estradas até São Luís. De nada valeram seus protestos. Ainda hoje há quem se emocione ao lembrar a cena de Candinho olhando para os curiosos e dizendo como um Cristo manso e inocente: - Não fui eu!
O presumido assassino é arrastado para junto do corpo da menina morta. Ele jura: - Nunca vi essa menina! Protesta sua inocência. Em vão. João, amarrado de mãos e pés, é encerrado num paiol, pregam-se as portas e aí passa a noite. A polícia deverá chegar amanhã...

Os colonos, porém, começam a duvidar. Levantam outras hipóteses: - Por acaso não seria Maneco o assassino? Por que não?

Maneco aparecia toda hora por perto da sala onde se velava o corpo de Albertina. Não parava de ir e vir. Como contam testemunhas, sempre que se aproximava, a ferida do pescoço de Albertina vertia sangue. Não seria um sinal?

Enquanto o povo cismava, Maneco tramava sua fuga...

Dois dias depois chegou o prefeito de Imaruí. Acalmou a população e mandou soltar João Candinho. Foi à capela, tomou um crucifixo e, acompanhado por Candinho e outras pessoas, foi à casa do pai de Albertina, o colocou sobre o peito da menina morta. Mandou que João Candinho se ajoelhasse e, mãos sobre o crucifixo, jurasse que era inocente. Dizem que naquele momento o sangue da ferida parou de sangrar (A.B.BRAUN, o.c., pp. 52-53).

Entretanto, Maneco acabava de fugir.

A reação foi instantânea: - Vamos pegá-lo!

Depois de muitas andanças foi preso em Aratingaúba a caminho de Imaruí. Preso, confessou o crime. Aliás, confessou outro crime cometido em Palmas, onde matara um sargento. Tinha também matado um homem em São Ludgero.

Maneco Palhoça - ou Indalício Cipriano Martins (conhecido também como Manuel Martins da Silva) - foi levado para Laguna. Correu o processo. Foi condenado. Levado para a penitenciária, depois de alguns anos morreu. Na prisão comportou-se bem. Confessou ter matado Albertina porque ela recusara ceder à sua intenção de manter relações sexuais com ela.

O Seu Sepultamento
 
Em torno das 18 horas do dia 15 de junho Albertina, morta, retorna à casa paterna... Não dá para traduzir em palavras os sentimentos dos pais e familiares, particularmente de sua mãe. Ver sua filha degolada, banhada em sangue! Ao mesmo tempo, que serenidade naquele rosto! Parecia dormir...

Em meio a tanta dor havia um conforto: Albertina tinha resistido, conservara sua pureza e virgindade..., do contrário não teria sido morta! Isso era claro, mas que custaria à parteira que ajudou Albertina a vir ao mundo, Martha Mayhöfer, ali presente, verificar? Ela verifica e testemunha: - Albertina não perdeu a virgindade.

O velório é cheio de emoção, lágrimas, orações e raiva. Só Albertina está serena. Parece dizer: - Vocês ainda não compreenderam o que eu fiz? Dei minha vida por amor à castidade. Isso é um sinal para o mundo, de modo especial para minhas colegas de idade. Virá um dia em que vocês falarão de mim. Virão aqui junto ao lugar onde morri, virão a meu túmulo e rezarão pedindo proteção e graças. E eu, do céu, responderei. Não chorem. Em mim, a Igreja ganhou uma "santa" e uma "mártir". Um dia vocês verão: bispos, padres, e até o papa se ocuparão comigo.

Dia 17 de junho, sob forte chuva, Albertina foi sepultada bem no centro do cemitério de São Luís.

Todos voltam para casa e se perguntam se foi sonho ou realidade o que aconteceu. E comentam: - Albertina não era uma menina qualquer. Era uma menina especial. Sua morte também não foi morte qualquer, foi morte especial, foi morte de "mártir" e, por isso, morte de uma "santa". Sim, Albertina é uma "santa mártir". É assim que o povo pensa. E nesses casos, quase sempre, a voz do povo é a voz de Deus.


Martírio de Santidade
 
É indiscutível a intenção pecaminosa do assassino: violar a pureza de Albertina, deflorar sua virgindade. Esse testemunho, ouvido de sua própria boca por colegas de prisão, é fundamental para determinar a existência ou não de verdadeiro martírio.
Que Albertina reagiu a essa provocação, é evidente pelo fato de ter-se deixado matar. Se não bastasse este fato, também disto há o testemunho do assassino.

Com base nesses dois elementos, já no dia da morte de Albertina começou a formar-se entre o povo a convicção de que Albertina morreu mártir e, por isso, é santa.


Na verdade, não foi só pelo modo como Albertina morreu que o povo pensou assim. Todos também conheciam a educação cristã que ela recebera na família e na catequese. Sabiam de sua maneira de viver, de seu bom comportamento, de sua piedade e caridade.
Também é verdade que a fama de martírio cresceu ainda mais quando o povo foi informado do testemunho da parteira.

A tudo isso se deve acrescentar que muito cedo começaram a correr relatos de graças alcançadas por intercessão de Albertina.


Por causa da fama de martírio de Albertina e de favores especiais obtidos por sua invocação, muitíssimas pessoas, individualmente ou em grupos, deram início a romarias ao lugar de sua morte e a seu túmulo no cemitério de São Luís. Pode-se afirmar que essa interminável peregrinação nunca foi interrompida, mesmo após 70 anos da sua morte. Disso são testemunhas as flores, as velas, os ex-votos depositados em seu túmulo, especialmente no lugar de seu "martírio". E que dizer dos livros e cadernos que rapidamente se enchem de relatos de graças e de pedidos de proteção?


Pelos mesmos motivos são muitíssimas as mulheres que nesta região trazem o nome de "Albertina". Só para exemplificar, na paróquia de Imaruí, de 1932 a 2000 são 226 as pessoas que foram batizadas com esse nome; na paróquia de Vargem do Cedro, de 1933 a 2000 são 48; na paróquia de Armazém, de 1940 a 2000 são 121...

Pelas mesmas razões ainda, apesar de o processo de beatificação ter ficado estagnado por cerca de 40 anos, o povo continuou a visitar o lugar onde Albertina foi morta e seu túmulo, a pedir-lhe graças..., como que levando adiante o processo de beatificação por própria conta.

Não há, pois, hesitação em afirmar que Albertina deve ser declarada mártir e santa: esta é a crença unânime do povo de Deus que a conhece.

Beatificação e Canonização
 
Em 1952, na mesma capela onde Albertina recebeu a primeira comunhão, reúne-se o Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Florianópolis para dar início ao processo de sua beatificação e canonização; de fato, a essa arquidiocese pertencia então a paróquia de Vargem do Cedro. Posteriormente, com a divisão da arquidiocese e a criação da Diocese de Tubarão, é o primeiro bispo de Tubarão, Dom Anselmo Pietrulla, OFM, que leva adiante a causa. Obedecendo às determinações das leis da Igreja, em 1956 é feito um processo complementar. Infelizmente, por uma série de circunstâncias, de 1959 em diante o processo de Albertina interrompe-se e interrompido fica até o ano 2000.

Apesar disso, a fama de martírio e santidade de Albertina, bem como a devoção do povo para com ela, não cessaram. Em maio de 2000, o terceiro bispo de Tubarão, Dom Hilário Moser, SDB, retomou o processo. Nomeou postulador da causa de beatificação e canonização de Albertina, Fr. Paolo Lombardo, OFM, de Roma. O postulador veio a Tubarão em maio do mesmo ano, quando foi possível dar os primeiros passos concretos no sentido de retomar o processo.

Atendidas as exigências das leis da Igreja nesses casos, finalmente no dia 12 de fevereiro de 2001, presente o postulador geral da causa de beatificação, procedeu-se à exumação dos restos mortais de Albertina.

Nesse interim, o Tribunal Eclesiástico nomeado para o caso fez um terceiro processo complementar sobre a fama de martírio e santidade da Serva de Deus Albertina. Encerrado com pleno êxito, no dia 18 de fevereiro de 2001 pôde-se inumar seus restos mortais dentro da igreja de São Luís num elegante sarcófago de granito.

Divulgada a notícia da retomada do processo, despertou-se mais intenso interesse e devoção à Serva de Deus. Já no dia da exumação muitas pessoas estiveram presentes para venerar seus restos mortais. No dia da inumação, porém, a presença de peregrinos superou todas as expectativas. Em torno de 5.000 pessoas, algumas vindas de muito longe, estiveram em São Luís, apesar da forte chuva que caía A igreja ficou apinhada além de toda medida. Os romeiros que ficaram fora da igreja eram mais do que os que puderam entrar.


Com a presença de numerosos padres, de religiosas e seminaristas, num ambiente festivo e fervoroso, foi acolhida a urna de madeira contendo os restos mortais de Albertina. Carregada aos ombros em meio ao entusiasmo, à devoção e aos aplausos do povo, entrou na igreja e foi posta diante do altar.

O bispo diocesano, acompanhado do postulador e dos demais sacerdotes, presidiu à concelebração eucarística. Antes da bênção final foi assinada a ata de reconhecimento canônico dos restos mortais de Albertina. Colocada dentro da urna, esta foi lacrada e selada com o selo do bispo diocesano. Em seguida, precedida pelos irmãos e irmãs de Albertina e pelos padres presentes, foi carregada sobre os ombros até o jazigo definitivo, no fundo da igreja, à esquerda da porta central. Ali o sarcófago foi fechado e lacrado definitivamente.

ALBERTINA FOI BEATIFICADA em Solene celebração Eucarística no dia 20 de Outubro de 2007 em frente a Catedral Diocesana de Tubarão. Presidiu a Cerimônia o Cardeal Saraiva - prefeito para a causa dos Santos.


ORAÇÃO À BEATA ALBERTINA BERKENBROCK

Deus, Pai de todos nós! Vós nos destes vosso Filho Jesus, que derramou seu sangue na cruz por amor a cada um de nós.
Vossa serva Albertina foi declarada bem-aventurada pela Igreja, porque, ainda jovem, também derramou seu sangue para ser fiel à vossa vontade e defender a vida em plenitude.
Concedei-nos que, por seu testemunho, nos tornemos fortes na fé, no amor e na esperança, vivamos fielmente os compromissos do nosso Batismo, façamos da Eucaristia a fonte e o cume da nossa vida cristã, busquemos continuamente o perdão através da Confissão, sejamos plenos do Espírito Santo, vivenciando a Crisma, e cultivemos os valores do Evangelho.

Por intercessão de Albertina, alcançai-nos a graça que neste momento imploramos de vós (expressar a graça que se deseja). Nós vo-lo pedimos por Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.