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sábado, 13 de dezembro de 2014

SANTA LUIZA DE MARILLAC, Viúva e Co-Fundadora da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.



Breve cronologia:
1591 – Nascimento a 12 de agosto. Não se sabe onde e nem quem era sua mãe
1595 – Seu pai casa novamente. Sua madrasta tem já 03 filhos.
1604 – Morre seu pai. Luísa tem 13 anos.
1613 - Casamento com Antônio Legras a 05 de fevereiro.
1623 - “LUMIÀRE” (Luz)
1625 - Morte de Antônio Legras. Encontro com São Vicente.
1629 – São Vicente envia Luísa a visitar as confrarias.
1633 – Reúne as primeiras Filhas da Caridade.
1642 – Faz votos com mais 04 irmãs.
1647 - Estruturação da Companhia.
1650 - Casamento de seu filho Miguel.
1655 - Começa a explicação das regras às primeiras irmãs.
1658 – Consagração oficial da Companhia a Nossa Senhora.
1660 – Morte de Santa Luísa.


 
Biografia de Santa Luísa Marillac
Luísa de Marillac nasceu no dia 12 de agosto de 1591, filha natural, de mãe desconhecida. E, por conseguinte, sofreu as consequências disso: falta de um lar carinhoso, desprezo dos parentes e, naturalmente muitos conflitos afetivos.
Era de constituição frágil, de baixa estatura, magra, bonita, nariz afilado, olhos expressivos, boca pequena. Dotada de grande capacidade intelectual e de vontade enérgica. Era muito sensível e inclinada ao escrúpulo, à timidez, à insegurança, minuciosa e perfeccionista, muito aberta às coisas de Deus e do próximo.
Sua infância e adolescência foram machucadas por acontecimentos dolorosos que marcaram profundamente, o seu ser.
Em tenra idade, seu pai, Luís de Marillac, colocou-a no Convento de Poissy, onde recebeu uma esmerada educação. Aí permaneceu enquanto ele viveu. Depois foi morar numa pensão familiar. Ali, ela adquiriu conhecimentos para a vida prática como cozinhar, costurar, bordar, senso de responsabilidade e organização enquanto que sua permanência no Convento de Poissy proporcionou-lhe uma grande bagagem de piedade, de ciência e de instrução, uma educação de elite.
Quis ser religiosa Capuchinha, entre as Filhas da Cruz, mas não foi aceita, porque sua saúde não suportaria os rigores da penitência que caracterizava a Ordem. Em particular, fez o voto de consagrar-se a Deus, em penitência e oração.
Em 1613, casa-se com Antônio Legras, matrimônio “combinado” como era costume na época. Desse casamento, nasceu-lhe um filho que recebeu o nome de Miguel, em homenagem a seu tio. Luísa foi fiel e dedicada ao esposo, sendo também mãe carinhosa, uma “supermãe”, prejudicando assim a educação do filho.
Em 1621-1622, Antônio Legras contraiu uma moléstia, que afetou até o seu comportamento. Luísa foi boníssima para com ele. Entretanto, grandes escrúpulos e dúvidas invadem a sua alma e ela chega a pensar ser vítima de castigos de Deus. Sente-se rejeitada por todos, mesmo do próprio Deus. Densas trevas a envolvem e só no dia 04 de junho de 1623, na Igreja de são Nicolau dos Campos, recebe a célebre “LUZ DE PENTECOSTES”. Liberta-se então de suas penas e incertezas e começa a descobrir ainda que não muito claramente os planos divinos a seu respeito.
Em 1625 o marido veio a falecer, na paz, depois de muita revolta e intranquilidade.
Quando Luísa encontra o Padre Vicente, ela tem 34 anos, é uma viúva angustiada, inquieta na busca da vontade de Deus, com uma vida de oração toda estruturada em exercícios, em devoções, em jejuns e disciplinas. O Padre Vicente descobre as marcas que a dureza da vida deixou nesta mulher supersensível e sofrida. Acolhe seu sofrimento e com paciência começa a trabalhar sobre esta inquietude de Luísa, desdramatizando as coisas e jogando-a no amor de Deus que liberta. Recomenda-lhe muito a meditação da Palavra de Deus
Descobre logo a rica personalidade de Luísa e solidez de sua fé. Então, ele orienta sua inteligência e seu coração para os pobres. Recorre com frequência à sua colaboração para preparar roupas para os pobres, para visitá-los, solicita pequenos serviços nas confrarias e ela vai recuperando pouco a pouco a confiança em si mesma.
Apreciando sua disponibilidade, seu juízo reto e seguro, seu sentido de organização e intuição feminina, o Padre Vicente faz dela sua principal colaboradora e confia-lhe a animação das Confrarias da Caridade.
Chegando às aldeias, Luísa se informa das pessoas que pertencem à Confraria, reúne as senhoras da Caridade e dirige-lhes a palavra. Observa como funciona a Confraria, o estado financeiro das coisas, o papel de cada um dos membros, informa-se sobre a vida espiritual, visita pessoalmente os pobres, interessa-se pela instrução das (dos) jovens. Terminada a visita, ela reúne as responsáveis, dá orientação segura e envia ao Padre Vicente um relatório minucioso, com sua própria apreciação.
No trabalho das Confrarias, o Padre Vicente intervém quando necessário, mas deixa toda a liberdade de ação a sua colaboradora e recorre muitas vezes ao seu espírito de organização.
Beata Margarida Naseau
Com o tempo, as necessidades aumentam, as consequências da guerra se fazem sentir e Vicente e Luísa se interrogam sobre o futuro do serviço dos pobres. Apresenta-se uma camponesa: Margarida Naseau e, com ela, outras camponesas que seguem o seu exemplo de dedicar a vida a serviço dos pobres
As jovens que se reúnem ao redor de Luísa de Marillac em 29 de novembro de 1633, são camponesas rudes, que não tem instrução nem mesmo elementar, a maioria não sabe ler. Luísa dá formação espiritual às jovens ensina a ler, a escrever, a costurar, como cuidar dos doentes, a fazer chás caseiros, como ensinar o catecismo. Juntas refletem e enfrentam as dificuldades que aparecem nos serviços, os mais variados.

Santa Luiza de Marrilac com suas filhas
da Companhia das Filhas da Caridade. 
A experiência sofrida de sua infância e a educação diversificada que recebera muito contribuíram para a organização da Companhia das Filhas da Caridade, tanto na parte humana como na espiritual. A maneira de viver, as virtudes, a vida fraterna e o serviço dos pobres são frutos de sua experiência humana e fidelidade à graça de Deus.
Luísa, com a ajuda do Padre Vicente, que soube ouvi-la e compreendê-la, lutou contra os seus defeitos e chegou a ser a fervorosa imitadora de Jesus Crucificado, desapegada de si mesma, zelosa para com a Comunidade e o serviço dos pobres.

A morte de Luísa de Marillac deu-se em 15 de março de 1660. Suas últimas recomendações no leito de morte, ou seja, o testamento espiritual que deixa para suas filhas é um legado de fidelidade a Deus, à Virgem Maria, à vida fraterna e aos pobres. Disse: “Tende muito cuidado com o serviço dos pobres, vivei juntas em grande cordialidade para imitar a união e a vida de Nosso Senhor e tende a Santíssima Virgem por vossa única Mãe.”
Seu testemunho de vida simples, humilde, cheia de amor, tem muito a nos ensinar. Ela foi a primeira voluntária da Caridade. Quando no momento atual, a Igreja pede a todos nós, uma opção preferencial pelos pobres, Luísa, essa mulher dinâmica e corajosa, já antecipou os tempos, fazendo uma opção não somente preferencial, mas radical pelos pobres. Em qualquer pessoa que sofresse, ela sabia contemplar Jesus Cristo crucificado e para resgatar a imagem e semelhança de Deus presentes nos marginalizados, ela dedicou o melhor de si, colocou em ação as suas potencialidades femininas agilizando os meios de que dispunha para transformar a realidade de pobreza de seu tempo. Ela nos ensina, sobretudo, a buscar sempre a realização do projeto de Deus sobre nós, com humildade, criatividade e abertura de coração.
Foi canonizada em 1934 e proclamada pelo Papa João XXIII, a Patrona das Obras Sociais.

Os traços principais do rosto de Luísa de Marillac e sua evolução espiritual.
     – Vivacidade.
     – Humildade.
     – Tenacidade
     – Cordialidade.

São Vicente descobriu a miséria material e espiritual de sua época e consagrou sua vida ao serviço e à evangelização dos pobres. Para isso fundou as Confrarias da Caridade (Senhoras da Caridade, hoje, Voluntárias da Caridade) e os Padres da Missão. Nesta ocasião encontrou-se com Luiza de Marillac e associou-a a sua atividade com os pobres. As senhoras da Caridade, impedidas por seus maridos, deixaram de assistir pessoalmente os pobres, mandando suas criadas. Uma jovem camponesa, Margarida Naseau, apresentou-se ao Padre Vicente para dedicar-se aos mais humildes trabalhos que as senhoras das confrarias não assumiam junto aos pobres. Com grande amor evangélico, fez-se a serva dos mais abandonados. Seu exemplo foi comunicativo, pois logo outras jovens a seguiram. Vicente as confia à Luiza de Marillac para instruí-as.
A 29 de Novembro de 1633 as (4) quatro primeiras Irmãs se reúnem com Luiza para viver um mesmo ideal, em comunidade fraterna. Seis meses depois já são (12) doze. Foi uma novidade na época, pois até então só havia vida consagrada em clausura. E agora elas vivem no meio do povo, indo à casa dos pobres para atender os doentes. Depois, à medida das necessidades, ocuparam-se dos doentes nos hospitais, da instrução das jovens, das crianças abandonadas, dos galés, dos soldados feridos, dos refugiados, das pessoas idosas, dos dementes e outros…
Alguns anos mais tarde, convictos de que a Caridade de Cristo que deve impulsionar a Companhia não conhece fronteiras, os Fundadores enviaram à Polônia um primeiro grupo de Irmãs.
A 18 de janeiro de 1655, a Companhia foi aprovada pelo Cardeal de Retz, Arcebispo de Paris, e, a 8 de junho de 1668, recebeu a aprovação pontifícia do Papa Clemente IX.




 DISCURSO DO PAPA SÃO JOÃO PAULO II ÀS IRMÃS DA CARIDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO


11 de Janeiro de 1980
Minha Reverenda Madre
Minhas Irmãs
Imaginai comigo que São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac — os vossos dois fundadores, tão unidos na sua paixão evangélica de servir os pobres, Santos que voltaram para o Senhor com poucos meses de intervalo um do outro, há mais de três séculos — imaginai que se encontram presentes nesta reunião de família. Mas estão deveras conosco embora misteriosamente. Permiti-me que lhes dê a palavra, tornando-me eu intérprete apenas.
Enquanto vós continuais os trabalhos da Assembleia geral da Companhia, aqueles que venerais como vosso Pai e vossa Mãe querem, primeiro que tudo, confirmar-vos na consciência da atualidade da vocação que tendes. O calor da caridade é com certeza aquilo de que os homens mais precisam hoje, como sempre, aliás.
Certamente que as misérias sociais do século XVII e da época da Fronda estão já bem longe. Mas «tendes sempre pobres convosco». Quem nos dará estatísticas exatas sobre a pobreza real em cada país e à escala do mundo inteiro? São muitas vezes publicados números relativos ao comércio, à agricultura, à indústria, aos bancos, aos armamentos, etc. Mas, na época dos «computers», sabemos porventura quais os números exatos dos analfabetos, das crianças abandonadas, dos subalimentados, dos cegos, dos doentes, dos lares desunidos, dos presos, dos marginalizados, das prostitutas, dos desempregados, das pessoas que vivem nos bairros de lata ou favelas do mundo inteiro? Caras Irmãs, não tenhais olhos nem coração senão para os pobres, como «monsieur Vincent» e «Mademoiselle Legras». E para vos estimulardes mais — se necessário fosse! — considerai que vos dizem: Contemplai Nosso Senhor Jesus Cristo, ouvi-O repetir-vos qual o sentido da Sua missão: O Espírito do Senhor está sobre Mim… Ungiu-Me para anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos, fazer recobrar aos cegos a vista, e mandar em liberdade os oprimidos… (Lc 4, 18) É verdade, o Evangelho apresenta-nos quase sempre Cristo entre os pobres. É o meio em que decorre a Sua vida.

Parece-me igualmente que estes dois grandes Santos da caridade vos impelem, com ternura e firmeza, a que defendais e desenvolvais a vossa entrega radical a Jesus Cristo, segundo as promessas que renovais cada ano a 25 de Março. A castidade, por causa de Cristo e do Evangelho, é dessa entrega o sinal mais profundo. E longe de ser alienação da pessoa, é admirável promoção das capacidades e necessidades de maternidade, inerentes a toda a mulher. Vós sois mães. Colaborais na proteção, na orientação, desenvolvimento, na cura e no encerramento em paz de tantas vidas humanas, tanto no plano físico como no moral e religioso. O vosso celibato consagrado vede-o sempre como caminho de vida até aos outros, e revelai este segredo às jovens que hesitam em enveredar pelo caminho que vós seguistes. 
Amai não somente os pobres, amai também serdes vós mesmas pobres, em espírito e em atos. São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac disseram mais com o serviço concreto dos pobres — dia e noite —, do que fariam com extensos tratados sobre a pobreza. Do mesmo modo São Francisco de Assis foi mais eloquente despojando-se do seu vestuário, do que se publicasse uma revista periódica sobre o desapego dos bens terrenos. E Charles de Foucault mais enriqueceu com o seu sorriso e a sua bondade o ambiente dos pobres, do que se desse à imprensa a autobiografia de jovem oficial convertido, que escolheu estar no último lugar e entre os pobres. Poder-se-ia recordar também que o meu veneradíssimo predecessor Paulo VI, pondo de parte o uso da tiara, fez um gesto que não acabou de dar os seus frutos na Igreja.
Vós ouvis, por último, instar convosco os vossos dois modelos devida para que não deixeis que se apague o espírito de dependência, quando cada pessoa tanto tende hoje para se reservar um espaço livre em que não dependa de ninguém, para melhor se entregar à imaginação e fantasia. A obediência religiosa, bem o sabeis, é sem dúvida o mais agudo dos três cravos de ouro que prendem à vontade de Jesus os seus imitadores e as suas imitadoras. É lá possível contemplar alguém a cruz do Senhor Jesus sem se conformar ao Seu mistério de obediência ao Pai? Sejam os superiores religiosos, humanos e compreensíveis, é dever que têm. Mas sejam também os súbditos cada vez mais adultos e responsáveis, de maneira que aprofundem e vivam o valor de oblação da obediência.
Numa palavra, os vossos fundadores dizem-vos, como a todas as vossas companheiras: «Estai no mundo, sem nunca vos deixardes contaminar pelo espírito do mundo de que fala São João». Sabeis que o sal, se ficar insosso, não há com que temperar. E o que brilha é a pureza do cristal.
A vós, minha Reverenda Madre, que fostes agora reeleita, sinto especial alegria dirigir os meus votos de frutuoso serviço da Companhia. As Capitulares, a quem agradeço a visita, e a todas as Irmãs da Caridade, que servem a Cristo nos Seus pobres no mundo inteiro — sem esquecer o serviço muito apreciado que prestam no Vaticano —, concedo a minha afetuosa Bênção Apostólica.



Santa Luiza de Marillac, rogai por nós!

2 comentários:

João Luiz disse...

Que Deus o abencoe por tornar possivel que conhecamos uma vida de exemplo tao grandioso e divino como o de Santa Luisa de Marillac.

João Luiz disse...

Que Deus o abencoe por tornar possivel que conhecamos uma vida de exemplo tao grandioso e divino como o de Santa Luisa de Marillac.

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