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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Beato ZEFERINO NAMUNCURÁ, Jovem Índio da Etnia Mapuche e Aspirante Salesiano.


        Zeferino Namuncurá, um fruto da espiritualidade salesiana. 

Caros irmãos e irmãs, membros todos da Família Salesiana e caros jovens: é com o coração transbordante de alegria pela beatificação dos Mártires espanhóis, da qual pude participar domingo, dia 28 de outubro, na Praça de São Pedro, que hoje lhes escrevo. O Senhor nos abençoou com 63 novos bem-aventurados, que vêm reafirmar quanto dizia o padre Rua: “A santidade dos filhos comprove a santidade do Pai”. Eles são um estímulo para o nosso empenho de fazer da santidade um programa de vida, sobretudo neste tempo em que a sociedade precisa de testemunhas apaixonados por Cristo e de servidores das pessoas.

A alegria cresce, como um rio que se avoluma, com a próxima beatificação de Zeferino Namuncurá, domingo, 11 de novembro, desta vez em Chimpay, Argentina, berço que o viu nascer e que de há muito se converteu em meta de peregrinações. A sua fama de santidade remonta ao ano de 1930, quando o padre Luís Pedemonte começa a recolher e a publicar testemunhos e é reconhecida antes com a declaração de venerabilidade feita pelo Papa Paulo VI, em 1972, e, depois, com o decreto de beatificação assinado pelo Papa Bento XVI no dia 6 de julho de 2007.

A santidade de Zeferino é expressão e fruto da espiritualidade juvenil salesiana, essa espiritualidade feita de alegria, amizade com Jesus e Maria, cumprimento dos próprios deveres, dedicação aos outros. Zeferino representa a prova convincente da fidelidade com que os primeiros missionários mandados por Dom Bosco conseguiram repetir quanto ele fizera no Oratório de Valdocco: formar jovens santos. Este continua sendo o nosso empenho hoje, num mundo necessitado de jovens impelidos por um transparente sentido da vida, audazes nas suas opções e firmemente centrados em Deus enquanto servem os outros.

Nasceu em Chimpay no dia 26 de agosto de 1886 e foi batizado dois anos mais tarde pelo missionário salesiano padre Milanésio, que havia mediado o acordo de paz entre os Mapuches e o exército argentino, tornando possível ao Pai de Zeferino conservar o título de “Grande Cacique” para si e também o território de Chimpay para o seu povo.


Tinha 11 anos quando o pai o matriculou na escola governativa de Buenos Aires: queria fazer do filho o futuro defensor do seu povo. Mas, ali, Zeferino não se sentia à vontade. O pai por isso o mudou para o colégio salesiano “Pio IX” (Buenos Aires). Foi aí que iniciou a aventura da graça que transformaria um coração não iluminado ainda pela fé numa testemunha heroica de vida cristã.

Demonstrou logo muito interesse pelo estudo, enamorou-se das práticas de piedade, apaixonou-se pelo catecismo e se tornou simpático a todos, colegas e superiores. Dois fatos o impulsionaram para os cimos mais altos: a leitura da vida de Domingos Sávio, de que se tornou ardoroso imitador, e a primeira Eucaristia, na qual vinculou um pacto de absoluta fidelidade com o seu grande amigo Jesus. Desde então, aquele rapaz, que sentia dificuldades em “entrar na fila” e “obedecer ao sinal do sino”, tornou-se um modelo.

Um dia – Zeferino era já aspirante salesiano, em Viedma – Francisco de Salvo, vendo-o chegar a cavalo como um raio, gritou-lhe: “Zeferino, do que é que você mais gosta?”. Esperava uma resposta que se referisse à equitação, arte na qual os Araucanos eram exímios. O rapaz, freando o cavalo: “Ser sacerdote”! – responde –. E retoma a corrida desabalada.

    Foi exatamente naqueles anos de crescimento interior que adoeceu: tuberculose. Fizeram-no voltar ao clima da terra natal. Não foi suficiente. Dom Cagliero, então, achou que na Itália poderia receber cuidados melhores. A sua presença não passou inobservada no país: os jornais falaram com admiração do «Principe de las Pampas». O padre Rua o fez sentar à mesa com o Conselho Geral. Pio X o recebeu em audiência particular, ouvindo-o com interesse e presenteando-o com uma sua medalha ‘ad principes’. No dia 28 de março de 1905 foi necessário hospitalizá-lo no Fatebenefratelli, da Ilha Tiberina (Roma), onde morreu no dia 11 de maio seguinte, deixando após si um marco de bondade, diligência, pureza e alegria inimitáveis.

Era um fruto maduro da espiritualidade juvenil salesiana. Os seus restos se encontram agora no Santuário de Fortín Mercedes, Argentina, e aquele seu túmulo é meta de contínuas peregrinações, porque grande é a fama de santidade de que ele goza entre o povo argentino.

Zeferino encarna em si os sofrimentos, as angústias e as aspirações da sua gente mapuche, aquela mesma gente que no decorrer dos anos da sua adolescência encontrou o Evangelho e se abriu ao dom da fé sob a guia de sábios educadores salesianos. Há uma expressão que reúne em si todo o seu programa: “Quero ser útil ao meu povo”. Zeferino, de fato, queria estudar, ser sacerdote e voltar à sua Gente a fim de contribuir para o crescimento cultural e espiritual do seu povo, como havia visto fazerem os primeiros missionários salesianos.
O santo não é nunca como um meteorito que corta de repente o céu da humanidade; é antes o fruto de uma longa e silenciosa gestação de uma família e de um povo que exprimem no filho as suas melhores qualidades.

A beatificação de Zeferino é um convite a crer nos jovens, também nos apenas evangelizados; a descobrir a fecundidade do Evangelho, que não destrói nada do que é realmente humano, e a contribuição metodológica da educação nesse estupendo trabalho de configuração da pessoa humana que chega a reproduzir em si a imagem de Cristo.

Quem achar que a fé religiosa é uma forma de acomodação ou de falta de empenho pela mudança social, erra. Ela é, ao contrário, a energia que torna possível a transformação da história. A santidade, que para alguns evoca a singularidade de uma situação considerada pouco aderente à vida cotidiana, significa ao invés a plenitude da humanidade traduzida em ato.
O santo é uma pessoa autêntica, realizada, feliz. Os testemunhos dos contemporâneos de Zeferino são unânimes em confirmar a bondade do seu coração e a seriedade do seu empenho. “Sorri com os olhos”, diziam os colegas. Era um adolescente admirável, santo, que hoje pode – deve – ser proposto como modelo e exemplo aos jovens.
A Argentina salesiana, reconhecida a Deus pelo extraordinário dom que lhe deu em Zeferino, tem a obrigação de sentir-se responsável por manter viva a sua memória, convencida de poder continuar a propor aos jovens itinerários concretos de santidade.
Enquanto louvamos e rendemos graças a Deus por esta nova pedra do belo mosaico da santidade salesiana, renovamos a nossa fé nos jovens, na inculturação do Evangelho e no Sistema Preventivo.


Padre PASCUAL CHÁVEZ VILLANUEVA, SDBReitor-Mor.




 


Beato Zeferino Namucurá, rogai por nós e pelos jovens latino-americanos! 

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