Beata Maria Rafols Bruna, Virgem e Fundadora |
Maria Rafols é conhecida, com razão, como a “heroína
da caridade”. Ela recebeu este título por sua heróica atuação durante os anos
de sítio em Zaragoza (Espanha). A Igreja a reconhece pelo carisma de doação que
em toda sua vida viveu. São Paulo na Segunda carta aos Coríntios, capítulo
doze, versículo quinze, bem nos explica esta doação de vida: “De muita boa
vontade, darei o que é meu e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que
vos amando mais, seja menos amado por vós”.
Maria nasceu em 1781, em Villafranca Del Penedés
(Espanha), em uma humilde família de dez filhos. Em Barcelona, conhece a D.
Juan Bonal, vigário do Hospital da Santa Cruz, que está reunindo vocações para
um ambicioso projeto de caridade: consagrar a vida ao serviço dos enfermos,
portadores de deficiências mentais e crianças doentes desse Hospital, e
agrupa-las em uma irmandade.
Em 1804, este sacerdote mudou-se para Zaragoza e
conseguiu com a junta do Hospital de Nossa Senhora das Graças, o envio dos
grupos: de homens e mulheres procedentes da irmandade de Barcelona. A frente do
grupo de mulheres irá Maria Rafols.
Santinho da beata com uma relíquia. |
Quando chegaram a Zaragoza, Maria Rafols e as jovens
que a acompanharam dirigiram-se a Virgem do Pilar, para pedir sua proteção e
amparo para desempenhar com caridade e fervor a missão a que se propuseram
trabalhar, que não é outra senão servir com amor a Jesus Cristo, vivo em cada
doente; tarefa nada fácil para qual necessitam o alento da Virgem Maria. É a
primeira semente da Congregação das Irmãs da Caridade de Santa Ana.
Maria inicia seu trabalho assistencial e espiritual. A
situação dos Hospitais era lamentável: desordem, abuso e toda espécie de
revelias. Logo se percebem muitas
melhoras, pelo trabalho daquelas mulheres silenciosas e esforçadas sob o
governo prudente e discreto de Maria Rafols. O Bispo de Huesca pede irmãs para
que atendam outro hospital. Por diversas complicações entre a direção de ambos
os hospitais, estas duas comunidades só em 1868 podem unir-se em uma única
família religiosa.
Mulher admirável
Coube-lhe viver em um momento de profundas mudanças
políticas, tempos difíceis. Durante a guerra da independência, as irmãs dão
testemunho do seu heroísmo, especialmente quando o hospital é bombardeado e incendiado.
Entre balas, ruínas e escassez total de alimentos, a Madre se arrisca até a
sair na cidade sitiada para pedir a Mariscal Lannez esmola para os enfermos e
feridos, e o duro comandante se comove. Nada pede para si, só arrisca sua vida
pelos demais.
Madre Rafols socorrendo crianças abandonadas. |
Maria Rafols vê ser necessário dar às irmãs a
estabilidade de instituto religioso. Vendo nisso um modo de viverem a paz e a
união fraterna entre elas, porém durante vários anos encontra dificuldades para
fundá-lo. Em 1813, Maria se encarrega inclusive, do departamento dos meninos
abandonados, que é um dos mais complicados e difíceis e onde as irmãs vão viver
com maior abnegação. Enquanto isso vão
amadurecendo as constituições da Congregação, até que em 15 de julho de 1824,
são aprovadas.
Madre Rafols: vida unida à de Cristo: na oração, na caridade, no heroísmo e na cruz. |
Madre Rafols, que sempre tinha por objetivo ajudar a
todos não levando em conta diferenças políticas, recebe como prêmio uma
denúncia e o encarceramento por dois meses e o desterro de seis anos em Huesca.
Em 1853, entrega sua alma a Deus. Sua morte é reflexo
de sua vida: serenidade, paz, carinho e agradecimento às irmãs, entrega
definitiva ao amor, por quem viveu e consumiu a si mesmo sem reservas.
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